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Saúde Pesquisa aponta que terapia por mensagem de texto tem eficácia

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Estudo fornece algumas evidências de que a terapia por texto é eficaz no tratamento da depressão leve a moderada. (Foto: Freepik)

Uma das inovações mais populares em saúde mental da última década é a terapia por mensagens de texto, que permite que o paciente entre e saia do tratamento ao longo do dia. Suponha que você acorde ansioso antes de uma apresentação: pode mandar uma mensagem para o terapeuta logo cedo dizendo que não consegue parar de imaginar um fracasso humilhante.

Três horas depois, a resposta chega ao seu celular. A terapeuta sugere que você identifique o pensamento – “estou nervoso com a apresentação” – e depois tente reformulá-lo. Ela orienta você a respirar fundo antes de decidir o que é verdadeiro naquele momento.

Entre uma reunião e outra, você confere a conversa: “Acho que minha chefe me considera um idiota” escreve.

A terapeuta responde na manhã seguinte, com base no que se tem disponível, e pede que faça uma lista com prós e contras. “Que evidências você tem de que ela pensa isso?”, pergunta.

A terapia baseada em texto se expandiu rapidamente na última década por meio de plataformas digitais de saúde mental, como BetterHelp e Talkspace, que conectam usuários a terapeutas licenciados e oferecem tanto sessões de chat ao vivo quanto trocas de mensagens sob demanda. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira na revista JAMA Network Open traz as primeiras evidências de que essa prática é eficaz no tratamento de depressão leve a moderada, apresentando resultados semelhantes aos da terapia por vídeo.

No ensaio clínico, 850 adultos com depressão leve a moderada foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu psicoterapia em sessões semanais por vídeo; o outro teve acesso ilimitado a mensagens ou e-mails com o terapeuta. Após 12 semanas, os participantes de ambos os grupos relataram melhora semelhante nos sintomas depressivos.

“Ficamos agradavelmente surpresos ao constatar que era tão eficaz quanto a terapia semanal por vídeo. Não encontramos diferenças significativas nos resultados”, afirma Patricia A. Areán, ex-professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington e coautora do estudo sobre a psicoterapia baseada em mensagens de texto.

O ensaio clínico não foi um estudo de equivalência, concebido para estabelecer que os dois métodos eram igualmente eficazes, mas sim para determinar se a terapia baseada em vídeo ou em texto era superior. O estudo fornece informações limitadas sobre os participantes. Portanto, não sabemos a duração da depressão deles e nem se receberam outros tratamentos, como antidepressivos, durante o ensaio.

Areán afirmou que a Talkspace entrou em contato com a equipe de pesquisa na esperança de colaborar em um ensaio clínico randomizado, por um motivo prático: embora a terapia baseada em mensagens de texto seja um serviço em rápido crescimento, a maioria das seguradoras ainda não reembolsa os prestadores de serviços por ela.

“Eles sabiam que precisavam de dados”, disse a pesquisadora.

Segundo ela, os resultados indicam que as seguradoras deveriam passar a reembolsar os profissionais que oferecem terapia por texto, o que poderia ampliar o acesso para pessoas que têm dificuldade de comparecer a consultas por vídeo.

Jane M. Zhu, professora associada de medicina da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon, que não participou do estudo, considerou as novas evidências “encorajadoras”, mas ainda insuficientes para justificar mudanças por parte das seguradoras.

Ela observou que o estudo excluiu pacientes de alto risco, como aqueles que lidam com psicose ou pensamentos suicidas, e não acompanhou variações no tratamento, como a velocidade ou o volume das respostas do terapeuta, disse ela.

O número de americanos que receberam psicoterapia aumentou significativamente durante a pandemia, à medida que as sessões virtuais substituíram as consultas presenciais. Durante décadas, cerca de 3% a 4% da população consultavam terapeutas; em 2021, essa porcentagem saltou para 8,5%. (Em comparação, a porcentagem de americanos que tomam medicamentos psicotrópicos permaneceu relativamente estável, em torno de 17,5%).

Zhu, que estuda a acessibilidade aos cuidados médicos, disse que a terapia por mensagens de texto “poderia eventualmente se encaixar em um modelo de atendimento escalonado”, no qual os pacientes começam com intervenções de baixa intensidade e, se necessário, progridem para tratamentos como medicamentos ou atendimento especializado.

Mark Olfson, professor de psiquiatria do Centro Médico Irving da Universidade de Columbia, que não participou do estudo, afirmou que os resultados sugerem que pacientes com depressão mais leve “poderiam razoavelmente ter a opção” de escolher entre psicoterapia por texto e por vídeo.

Areán reconheceu que muitos profissionais de saúde mental ainda têm reservas quanto ao modelo por texto, já que o terapeuta não está frente a frente com o paciente e pode não perceber sinais de perigo. Mas, segundo ela, não houve nenhum evento adverso durante o estudo. Os participantes do ensaio clínico tiveram maior probabilidade de abandonar a terapia por vídeo do que a terapia por texto.

Por outro lado, os pesquisadores observaram que as sessões por vídeo pareciam criar um vínculo ligeiramente mais forte com os terapeutas, que foram percebidos pelos pacientes como mais acolhedores e compassivos. Quando alguns participantes migraram das mensagens para as sessões por vídeo, em uma segunda fase do estudo, a qualidade desse vínculo melhorou significativamente. Sobre isso, Patricia Areán afirmou que essa diferença na criação de laços terapêuticos merece novas pesquisas.

“Como se constrói uma aliança quando você não pode ver a pessoa? Como lidar com os silêncios quando não se pode vê-los? Será que estão chorando? Será que estão felizes?”, questiona. As informações são do jornal The New York Times.

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https://www.osul.com.br/pesquisa-aponta-que-terapia-por-mensagem-de-texto-tem-eficacia/ Pesquisa aponta que terapia por mensagem de texto tem eficácia 2025-11-14
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