Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2025
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro neste sábado (22), cita diretamente uma convocação feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para uma vigília religiosa em frente ao condomínio onde o ex-presidente cumpria prisão domiciliar.
Segundo Moraes, a convocação tinha potencial para gerar aglomeração com objetivo de “obstruir a fiscalização das medidas cautelares” impostas ao ex-presidente — e, possivelmente, facilitar uma tentativa de fuga.
No vídeo divulgado na noite de sexta-feira (21), Flávio convidou apoiadores a se reunirem no sábado, perto da casa do pai. Eis a transcrição do trecho citado por Moraes:
“Vamos invocar o Senhor dos Exércitos! A oração é a verdadeira armadura do cristão. É por meio dela que vamos vencer as injustiças, as lutas e todas as perseguições. Tenho um convite especial para você: assista ao vídeo até o final! Vigília pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade no Brasil! Sábado, 22 de novembro, às 19h, no balão do Jardim Botânico, na altura do condomínio Solar de Brasília 2”, disse Flávio.
Para Moraes, o conteúdo “indica a possível tentativa de utilização de apoiadores” para impedir a fiscalização da tornozeleira e da prisão domiciliar.
Ordem de prisão
Na ordem de prisão, Moraes afirmou que o vídeo publicado por Flávio Bolsonaro:
– “incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias instituições”;
– retoma a narrativa falsa de que Bolsonaro é alvo de “perseguição” e de que o STF vive em “ditadura”;
– e poderia estimular aglomeração suficiente para dificultar o trabalho da Polícia Federal e da Polícia Penal do Distrito Federal.
Segundo Moraes, a convocação reforça o risco de fuga, especialmente após a informação de que a tornozeleira eletrônica do ex-presidente foi violada às 0h08 deste sábado.
Na decisão, Moraes também destaca:
– O rompimento da tornozeleira eletrônica, comunicado pelo Centro de Monitoração Integrada do Distrito Federal;
– A possibilidade de Bolsonaro tentar fugir “aproveitando-se da confusão” provocada pela vigília convocada pelo filho;
– E o fato de o condomínio onde estava o ex-presidente ficar a 13 km do Setor de Embaixadas Sul, distância percorrida em menos de 15 minutos.
Moraes relembra que, em outra investigação, ficou registrado que Bolsonaro cogitou pedir asilo na embaixada da Argentina.
O ministro também mencionou que três aliados — Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro — deixaram o país após decisões da Corte, o que reforçaria o risco de fuga.
A prisão decretada por Moraes é preventiva e não tem relação direta com a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado — cuja execução da pena ainda aguarda o fim de todos os recursos.
A preventiva, sem prazo determinado, tem objetivo de impedir:
– risco de fuga;
– obstrução da Justiça;
– descumprimento de medidas cautelares.
Bolsonaro cumpria prisão domiciliar desde agosto por descumprir ordens judiciais e usar redes sociais de terceiros para difundir ataques ao STF.