Terça-feira, 25 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2025
Após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciar o rompimento de suas relações com o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), um movimento semelhante ocorreu na Câmara dos Deputados. Nessa segunda-feira (24), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não pretende mais manter interlocução com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ). A declaração reforçou a percepção de um ambiente de tensão crescente entre os chefes do Congresso Nacional e alguns dos principais articuladores do governo.
Motta já vinha demonstrando incômodo com a postura de Lindbergh, especialmente no que diz respeito às frequentes ações de judicialização promovidas pelo petista contra decisões tomadas pelos deputados. Nas últimas semanas, essas iniciativas se tornaram alvo de críticas nos bastidores da Câmara, onde parlamentares relatam que o comportamento do líder do PT tem dificultado o diálogo interno. Em tom irônico, alguns deputados passaram a se referir ao petista como “procurador da Câmara”, em alusão ao número de vezes em que ele acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar atos do Legislativo, o que ampliou o desgaste político entre ambas as partes.
O rompimento simultâneo entre os dois presidentes do Congresso e representantes do governo ocorre apenas dois dias após a prisão, em regime fechado, do ex-presidente Jair Bolsonaro. A proximidade temporal dos acontecimentos provocou interpretações diversas no meio político, embora não haja consenso sobre relação direta entre os fatos.
Ainda assim, a crise instalada reacende dúvidas sobre como o Parlamento irá se posicionar diante dos apelos por anistia dirigidos a Bolsonaro e aos demais condenados por tentativa de golpe de Estado. A situação exige dos líderes partidários um equilíbrio delicado entre pressões externas, compromissos institucionais e as próprias divisões internas que se intensificaram com os recentes acontecimentos.
Na Câmara dos Deputados, o PL – principal partido de oposição e legenda à qual Bolsonaro é filiado – está reunido para discutir os próximos passos na articulação de medidas que possam beneficiar o ex-presidente. As conversas incluem desde estratégias regimentais até possíveis iniciativas legislativas, ainda que o cenário seja considerado complexo diante das correlações de forças atuais. Segundo parlamentares do partido, há expectativa de que o PL apresente, nos próximos dias, uma posição unificada sobre como pretende enfrentar o tema no Congresso, especialmente diante da sinalização de afastamento dos presidentes das duas Casas em relação aos líderes governistas. (Com informações do Valor Econômico)