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Saúde Sete entre dez agrotóxicos usados no Brasil são proibidos na União Europeia

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Novas avaliações classificam dois herbicidas amplamente usados no Brasil como substâncias cancerígenas para humanos. (Foto: Fernando Dias/Seapdr)

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou novas avaliações que classificam dois herbicidas amplamente usados no Brasil – a atrazina e o alachlor – como substâncias cancerígenas para humanos. A decisão se baseia em evidências em animais, mecanismos biológicos e estudos que sugerem associação com tumores em humanos. Entre os dez agrotóxicos mais usados no País, sete são proibidos na União Europeia (UE) – entre eles, atrazina e alachlor.

Há uma década, eram três em cada dez, o que mostra o quanto a situação vem se degradando no Brasil, afirma Larissa Bombardi, coordenadora científica do International Pesticide Standard Alliance (IPSA). Para a brasileira, que é pesquisadora na Université Libre de Bruxelles, o acordo entre Mercosul e UE – que o presidente Lula afirmou que deve ser fechado em 20 de dezembro – pode ser uma janela para que se alcance paridade nas práticas brasileiras e europeias.

“O uso da atrazina é muito grave, tanto do ponto de vista da saúde humana quanto do ambiental. O uso de agrotóxicos proibidos pela UE aqui no Brasil é, sem dúvida, um risco para o acordo entre os dois blocos comerciais. Esse é um tema sensível e a razão dos protestos de agricultores em fevereiro, em Bruxelas. Eles se queixam de não haver igualdade de concorrência quando um mercado pode fazer uso de agrotóxicos proibidos pelo bloco. Estamos diante de uma janela de oportunidade para alcançarmos uma paridade legislativa nesse tema”, avalia Larissa.

A revisão da classificação dos dois agrotóxicos, publicada nesta sexta-feira no The Lancet Oncology, reuniu 22 cientistas de 12 países. A atrazina, muito utilizada em lavouras de milho, sorgo e cana-de-açúcar, foi associada ao aumento de risco de linfoma não Hodgkin com translocação cromossômica. O alachlor, por sua vez, apresentou relação dose–resposta com câncer de laringe em um grande estudo com aplicadores de pesticidas.

Em ambas as substâncias, a IARC encontrou evidências suficientes de câncer em animais, além de mecanismos como estresse oxidativo, imunossupressão, inflamação e alterações hormonais. Já o fungicida vinclozolin, ainda utilizado em alguns países, foi classificado como possivelmente carcinogênico (Grupo 2B).

“Quando a IARC coloca uma substância no Grupo 2A, como neste caso, ela está dizendo que há evidências suficientes em animais, mecanismos sólidos e sinais preocupantes em humanos. Isso precisa orientar políticas públicas e medidas de proteção, especialmente para trabalhadores rurais”, afirma o oncologista Daniel Musse, membro das sociedades brasileira, americana e europeia de oncologia.

Segundo a IARC, trabalhadores de fábricas e da agricultura são os mais expostos, principalmente por inalação e contato direto. Na população geral, a exposição ocorre principalmente por água potável contaminada e alimentos.

“A atrazina é amplamente usada no Brasil e pode estar presente na água consumida pela população. A reclassificação feita pela OMS reforça a necessidade de monitoramento rigoroso e revisão dos limites de segurança”, afirma Musse.

Larissa acrescenta que há estudos que mostram que a atrazina está associada à infertilidade animal. A pesquisadora ressalta ainda que, em dez anos, o uso da substância cresceu 535% na Região Norte do país, o que representa uma séria ameaça à biodiversidade na Amazônia.

“Além de associações com câncer de tireoide, ovário, mal de Parkinson e má-formação fetal em humanos, a atrazina está relacionada à castração química de animais. Como se dissipa com facilidade na água, é um forte risco à biodiversidade amazônica”, reforça a coordenadora técnica da IPSA.

Na avaliação do médico e da pesquisadora, a atualização deve pressionar agências reguladoras de vários países, incluindo a brasileira, a reavaliar limites de resíduos permitidos e revisar diretrizes de uso agrícola. O relatório completo será publicado no Volume 140 das Monografias da IARC em 2026, com detalhes das análises laboratoriais, estudos epidemiológicos e mecanismos carcinogênicos relacionados aos dois herbicidas. (Com informações da colunista Míriam Leitão, do jornal O Globo)

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https://www.osul.com.br/sete-entre-dez-agrotoxicos-usados-no-brasil-sao-proibidos-na-uniao-europeia/ Sete entre dez agrotóxicos usados no Brasil são proibidos na União Europeia 2025-12-02
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