Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de dezembro de 2025
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou operação sobre o desvio e a venda de donativos enviados pelos Estados Unidos e empresas da Serra gaúcha às vítimas das enchentes de 2024 no Estado. Foram cumpridas oito ordens judiciais de busca e apreensão em Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul, além do bloqueio de R$ 2 milhões em contas bancárias.
A investigação revelou que roupas e utensílios foram encaminhados a uma organização não governamental (ONG), mas acabaram em brechós da região. Há indícios de enriquecimento ilícito por meio do uso de “laranjas”, incluindo recebimento de valores por meio do sistema pix em nome de terceiros.
Parte do dinheiro foi usada para aquisição de veículos, um apartamento e outros bens do principal investigado. No alvo do Ministério Público está um total de ao menos oito suspeitos (três deles pertencentes à mesma família) e uma empresa jurídica.
A apuração das irregularidades é conduzida pelo promotor Manoel Figueiredo Antunes, coordenador do 5º Núcleo Regional do Gaeco, com apoio do Núcleo de Inteligência da instituição (Nimp) e da Brigada Militar (BM).
Durante a ofensiva foram apreendidas 70 caixas com produtos que teriam sido recebidos por meio da doação, tais como roupas, fraldas, mamadeiras e escovas de dente. Após autorização judicial, os itens serão encaminhados para doação – como deveria ter sido feito durante a maior catástrofe já ocorrida no Rio Grande do Sul. Duas pessoas foram presas em flagrante por venda de medicamentos proibidos, junto às roupas.
Com a apreensão de documentos, mídias e celulares, o objetivo é apurar se há mais envolvidos, quanto movimentaram em dinheiro, e quais os valores da revenda ilegal. O Gaeco também quer saber se os envolvidos já cometeram esse tipo de ato ilícito em outras situações.
Alerta norte-americano
A apuração foi motivada por denúncia ao Consulado-Geral do Brasil em Miami (no Estado norte-americano da Flórida), que por sua vez alertou a Defesa Civil gaúcha para a venda de roupas importadas – algumas de marcas conhecidas – cujo destino deveria ser as vítimas das enchentes.
No âmbito do MPRS, os trabalhos estão aos cuidados do promotor Manoel Figueiredo Antunes, coordenador do 5º Núcleo Regional do Gaeco, com apoio do Núcleo de Inteligência da instituição (Nimp) e da Brigada Militar (BM). Ele enfatiza:
“Foram cometidos os crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, praticados em contexto de calamidade. O interesse público é muito superior ao individual dos investigados, que se aproveitaram da dor das pessoas para obter vantagem patrimonial, inclusive divulgando ações solidárias em suas redes sociais durante as enchentes. Um dos investigados chegou a obter reconhecimento público pela atividade solidária”.
Já o coordenador estadual do Gaeco, promotor André Dal Molin, sublinha que “a operação sempre teve interlocução direta com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, em uma parceria entre instituições públicas, busca responsabilizar os envolvidos e garantir que recursos e bens desviados sejam recuperados”.
(Marcello Campos)
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