Terça-feira, 09 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de março de 2016
A Polícia Civil concluiu as investigações em torno da morte da modelo Raquel Santos, que passou mal horas após se submeter a um procedimento estético, conhecido como bigode chinês, em uma clínica em Niterói (RJ). O delegado Mário Lamblet indiciou o médico Wagner de Moraes, responsável pela cirurgia, feita em 11 de janeiro, por crime de falsidade de atestado de óbito.
Após passar mal, Raquel foi levada para um hospital, onde morreu. Apesar disso, o atestado de óbito da modelo foi assinado por Moraes. No documento, ele mencionou que a morte da jovem estaria ligada ao uso de anabolizantes de origem animal.
“Ele [Moraes] não tinha como atestar a morte. Fizemos acareações e, em uma delas, descobrimos que o médico só soube que a modelo usou anabolizantes após ela ter falecido”, disse o delegado.
O inquérito sobre o caso já foi remetido à Justiça. No entanto, a polícia não concluiu se a causa da morte de Raquel está ou não relacionada ao procedimento estético feito na clínica de Moraes.
“Foi uma conclusão parcial. Em referência à morte, ficamos dependentes do laudo complementar cadavérico, que não ficou pronto. Quando for concluído, deverá ser remetido à Justiça, que decidirá se o caso precisará ou não retornar para a Polícia Civil”, disse Lamblet.
A reportagem procurou os responsáveis pela defesa do médico. A advogada Verônica Lagassi disse que não vai se manifestar sobre o assunto, já que não teve ainda ciência de forma oficial, da conclusão do inquérito.

Para a polícia, médico Wagner de Moraes não poderia ter assinado o atestado de óbito de Raquel. (Foto: Reprodução)
Procedimentos antes da morte.
A polícia concluiu ainda que Raquel se submeteu a um “coquetel de procedimentos” antes de morrer. De acordo com Lamblet, entre os dias 4 e 11 de janeiro, ela fez aplicação nas nádegas em uma clínica no Rio, fez um tratamento odontológico que requer anestesia, aplicou anabolizantes de uso veterinário nas pernas e ainda tomou rivotril.
À reportagem, Moraes, que é marido da modelo Ângela Bismarchi, disse que a paciente não revelou que utilizava diariamente a substância de uso veterinário Potenay, usada para aumentar a massa muscular de cavalos, por exemplo. A informação foi confirmada pelo marido de Raquel à Polícia Civil.
O fato repercutiu na imprensa internacional. Jornais da Inglaterra, dos Estados Unidos, México e Colômbia, entre outros, fizeram reportagens sobre o caso. A mãe de dois filhos foi apontada pelos jornais como uma “escrava da vaidade”.
Sindicância.
Em janeiro, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio) abriu sindicância para apurar as circunstâncias da morte da jovem de 28 anos, que sofreu uma parada cardíaca após o procedimento estético. O médico, segundo o Cremerj, não tem título de especialista registrado no órgão, informação que não é obrigatória para os profissionais inscritos no conselho.
Em janeiro, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica também se manifestou sobre o caso e declarou que Moraes não poderia operar por não ser credenciado ao órgão, nem titulado para tal. (AG)