Sábado, 22 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de agosto de 2016
Há quase 12 horas no comando da primeira sessão de julgamento do impeachment, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, mostrou paciência e bom humor para desarmar os confrontos verbais entre os senadores pró e contra a cassação da presidente afastada Dilma Rousseff.
Sem alterar a voz e com ar professoral, colocou ordem nos bate bocas e mostrou disposição de seguir a arguição para concluir hoje os depoimentos das testemunhas de acusação até a madrugada.
Sem conseguir concluir sua inquirição, por causa do burburinho, o senador Reguffe (sem partido-DF) pediu que o presidente da Mesa pedisse silêncio. “Devo dizer que os senhores senadores estão muito bem comportados em suas funções. Peço aos assessores que colaborem para que o senador Reguffe tenha garantida sua palavra”, pediu Lewandowski.
Ainda durante a fala de Reguffe, a senadora Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) – incomodada com as considerações feitas pelo senador sobre a importância do respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal e do procurador Júlio Marcelo sobre transgressões à lei por Dilma –, pegou o microfone para protestar e iniciou um bate boca com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).
“Temos que nos ater à discussão do objeto da acusação. O informante está dizendo que a presidente cometeu estelionato eleitoral”, protestou Vanessa, pedindo pela ordem.
“Quero repudiar por inteiro a fala da senadora Vanessa, que insiste em exercer o papel de censor. Vossa Excelência me preside, não a senadora Vanessa. Precisa acabar com essa prática. Eu protesto contra essa fala desqualificada”, rebateu Ferraço.
Ainda de pé, Vanessa tentou continuar o bate boca, mas Lewandowski barrou: “Senadora Vanessa, vamos fazer um debate estéril, data vênia. Vamos retornar à objetividade, com a palavra o senador Reguffe”.
Reguffe terminou sua fala e Vanessa continuou de pé e tentou retomar a discussão, sem sucesso.
“Mas o senador Ferraço acabou de falar que minha fala é desqualificada. O senhor não acha que ele foi agressivo?”, tentou Vanessa.
“Não! Vossa Excelência tem uma postura impecável”, afagou o ministro, conseguindo acalmar Vanessa.
Em seguida, ele disse que se preocupava com a demora na inquirição e que, pelos cálculos, a sessão iria até as 2h da manhã, pois mais 26 senadores estão inscritos para perguntar à próxima testemunha, o auditor da Receita Federal no TCU, Antônio Carlos Dávila. Ele reiterou que o acordado era concluir hoje o depoimento das duas testemunhas de acusação. Nesse momento, o líder da Minoria, Lindbergh Faria (PT-RJ), tentou adiar a oitiva da próxima testemunha para amanhã.
“A presidência está disposta a encerrar hoje a arguição da acusação. Então peço a vossas excelências que calibrem suas intervenções”, anunciou Lewandowski.
“Pelos meus cálculos, vamos até 3h30m ou 4h da madrugada. Amanhã, temos que retomar às 9h. Precisamos de um tempo mínimo para descansar, do contrário, amanhã nosso trabalho será contraproducente”, apelou Lindbergh.
Mas Lewandowski negou o adiamento e brincou: “Vossa Excelência tinha me sido designado como um jovem atleta, que tinha disposição de entrar pela madrugada. Vejo que há controvérsias quanto a isso”, disse Lewandowski, levando o plenário a um momento de descontração.
Ele só reclamou do discurso do senador Paulo Rocha (PT-PA), que acusou líderes da base de estar atuando politicamente, o que ensejou réplica de vários senadores para rebater o petista.
“Os debates já desandaram e não vou permitir que desandem mais ainda”, irritou-se Lewandowski, anunciando que só iria encerrar a sessão depois de concluída a inquirição de todas as testemunhas de acusação. (AG)