Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2016
A PGR (Procuradoria-Geral da República) ofereceu denúncia contra o deputado José Guimarães (PT-CE), líder da minoria na Câmara, e contra o ex-vereador do PT e lobista Alexandre Romano sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a condenação de ambos e a reparação aos cofres públicos de valores desviados pela prática de corrupção, no valor mínimo de R$ 1 milhão. A denúncia da PGR foi feita no último dia 5, em um inquérito que está no STF (Supremo Tribunal Federal).
De acordo com a Procuradoria, José Guimarães recebeu propina de R$ 97,7 mil por ter intermediado o contato do ex-vereador e da Engevix com o BNB (Banco do Nordeste do Brasil).
Ele também teria atuado para garantir que um contrato de R$ 260 milhões da empreiteira fosse fechado com o banco para a construção de usinas eólicas na Bahia. Janot pediu a perda do mandato do deputado.
Segundo Janot, Romano recebeu em agosto de 2011 o montante de R$ 1 milhão a título de comissão, “de forma disfarçada'”, por ter ajudado na liberação dos valores do BNB para a construtora.
O ex-vereador fez contratos fictícios de prestação de serviços de advocacia a empresas vinculadas ao grupo Engevix.
De acordo com a PGR, José Guimarães recebeu a propina por meio de dois cheques, compensados em duas datas de setembro de 2011.
Os cheques, na verdade, foram dados a terceiros, credores do deputado. Um foi para um escritório de advocacia, por serviços prestados em sua defesa no STF, e o outro para uma empresa de papel, que fez “santinhos” e panfletos ao parlamentar.
Ambos tinham pendências de Guimarães, mas receberam de Romano, com quem nunca tiveram contato, de acordo com a Procuradoria.
“Em suma, o panorama probatório coletado demonstra robustamente o recebimento doloso de vantagem indevida pelo deputado José Guimarães, mediante o pagamento de dívidas pessoais por terceiros”, afirmou o procurador-geral na denúncia.
“A propina foi recebida em razão da atuação do parlamentar perante a presidência do Banco do Nordeste do Brasil, de sua indicação e sustentação política, para viabilizar a concessão de financiamento de acordo com os interesses da Engevix”.
Para pedir a condenação dos dois, a PGR colocou no seu pedido registros de ligações entre Guimarães e Romano, trocas de e-mails e depoimentos de testemunhas sobre a relação do deputado e do ex-presidente do BNB Roberto Smith.
Outro lado
Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa nesta terça-feira (20), o deputado José Guimarães (PT) afirmou “jamais” ter atuado junto ao Banco do Nordeste em favor da empresa Engevix.
“Tenho a consciência tranquila de que nunca me beneficiei de recurso público, razão pela qual manifesto meu repúdio a todas as acusações”, disse o deputado.
“Essa acusação, oriunda de um personagem sem credibilidade, encaro com grande revolta, mas também como oportunidade de provar minha inocência. Tenho como grande aliado o povo que me concedeu mandato, o qual honro diariamente com muito trabalho”, prosseguiu o petista.
O ex-líder do governo Dilma Rousseff afirmou ainda que, como parlamentar, manteve diálogo com instituições públicas e atendimentos a interlocutores diversos, mas que prestou contas de todas as despesas de campanha, sempre “devidamente registradas e aprovadas”.