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Por Redação O Sul | 7 de julho de 2017
A comunidade brasileira nos Estados Unidos é mais qualificada e está mais integrada do que a média dos outros imigrantes no país, segundo um levantamento feito por dois pesquisadores brasileiros a partir de dados do governo americano.
Os brasileiros nos EUA – que seriam cerca de 1,3 milhão, segundo estimativa do Itamaraty – têm uma taxa de desemprego menor (5%) e uma média de renda domiciliar maior (US$ 55.463 por ano) não só em relação a todos os imigrantes, mas também aos americanos. Os dados são de 2014, os mais atuais disponíveis, e foram compilados a partir do American Community Survey, do Censo americano, pelos pesquisadores Álvaro de Castro e Lima e Alanni Barbosa de Castro para o livro “Brasileiros nos Estados Unidos: Meio Século Refazendo a América (1960-2010)”.
A publicação, editada pela Funag (Fundação Alexandre de Gusmão), do Itamaraty, foi lançada nesta sexta-feira (07) em Brasília, junto com 16 guias do ministério sobre empreender no exterior. Para Castro e Lima, o perfil da comunidade brasileira não mudou tanto desde 2014. “A realidade é a mesma, porque essas características da população como um todo mudam devagar”, disse.
Os brasileiros, segundo o levantamento presente no livro, têm maior nível educacional do que a média de todos os imigrantes: 46% têm ensino médio completo e superior incompleto e 30% se formaram no ensino superior, contra 35% e 23% dos demais.
“É a diferença entre uma imigração de classe média baixa, como vinha sendo a brasileira, e a do resto da América Latina, que é uma imigração mais rural, com um grau de educação mais baixo”, diz o autor. A participação na força de trabalho, de 71%, também é maior entre os brasileiros, inclusive na comparação com os americanos, que registram 63%. A maioria trabalha como empregado do setor privado (69%), mas o índice de autônomos (25%) é maior que entre todos os imigrantes (12%) e americanos (9%).
Para o pesquisador, é evidente que o brasileiro está mais integrado no mercado de trabalho, mas isso não se reflete nas áreas social e política. “Só agora é que os brasileiros estão dando os primeiros passos na integração política, com candidatos a vereador e prefeito – o que é normal, porque é uma imigração muito nova”, diz.
Os autores mostram a diferença entre o perfil das comunidades nos cinco Estados que reúnem 63% dos brasileiros no país: Flórida, Califórnia, Massachusetts, Nova York e Nova Jersey. Os dois primeiros reúnem uma população brasileira mais velha, com a Flórida tendo também os mais altos índices de desemprego, junto com Nova York e Nova Jersey. É nestes últimos, no entanto, que os brasileiros têm maior renda, seguido da Califórnia.
Castro e Lima destaca que, desde 2013, há um novo fluxo de brasileiros, mais qualificado, em direção aos EUA, motivado pelas crises política e econômica e pela violência urbana. “Mas ainda é muito cedo para saber se é um novo fluxo migratório ou se só são as pessoas que saíram agora por causa da crise e depois vão voltar”, disse. (Folhapress)