Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2017
 
				A defesa do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine apresentou, nesta sexta-feira (28), à Justiça Federal o extrato do cartão de crédito com as dez parcelas de uma passagem aérea. Bendine foi preso na quinta-feira (27), durante a 42ª fase da Operação Lava-Jato. Ele é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina do Grupo Odebrecht.
Ao explicar os detalhes da mais recente etapa da operação, o MPF (Ministério Público Federal) do Paraná afirmou que só havia localizado a passagem de ida de Bendine para Portugal. No despacho que autorizou a prisão de Bendine, o juiz federal Sérgio Moro – responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância – cita que isso poderia indicar risco de fuga.
Ainda na quinta, o advogado de Bendine disse que o cliente tinha passagem de volta ao Brasil. Ele viajaria ao país europeu nesta sexta-feira e retornaria no dia 19 de agosto. Os documentos apresentados à Justiça Federal ainda mostram que a passagem de ida foi comprada com pontos de milhagem, enquanto a volta foi parcelada.
Mensagens de texto
Mensagens de texto enviadas por Bendine e pelo publicitário André Gustavo Vieira da Silva citam o local onde teria ocorrido uma suposta reunião para tratar de pagamento de propina. O endereço é citado na delação do ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e do ex-executivo da empreiteira Fernando Reis.
André Gustavo e o irmão dele, Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, também foram presos na quinta-feira. Todas as prisões são temporárias e vencem na segunda-feira (31), podendo ser prorrogadas por mais cinco dias ou transformadas em preventivas, por tempo indeterminado. Os três estão na carceragem da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR).
De acordo com Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine pediu R$ 3 milhões em propina ao assumir a presidência da Petrobras. Os pagamentos seriam intermediados entre Reis e André Gustavo, tendo Bendine como beneficiário final. O encontro onde tudo foi definido aconteceu em Brasília.
Investigações
Segundo o MPF, há evidências indicando que, em uma primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi realizado por Bendine na época em que ele era presidente do Banco do Brasil, em 2014, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.
No entanto, Marcelo Odebrecht e Fernando Reis teriam negado o pagamento, porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do BB, segundo o MPF. Na véspera de assumir a presidência da Petrobras, o que ocorreu em 6 de fevereiro de 2015, Bendine e um de seus operadores financeiros novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, segundo o MPF. Investigadores dizem que o pedido foi feito para que a empreiteira não fosse prejudicada na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava-Jato.
A Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, optou por pagar a propina de R$ 3 milhões por meio do Setor de Operações Estruturadas. Foram feitas três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Ainda de acordo com o MPF, em 2017, um dos operadores financeiros de Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira, para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil. No entanto, a investigação revelou que a empresa usada pelo operador era de fachada. (AG)