Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2017
A delegada da PF (Polícia Federal) Renata da Silva Rodrigues, da força-tarefa da Lava Jato, criticou o MPF (Ministério Público Federal) por não ter acesso ao conteúdo do laptop de Marcelo Odebrecht. O ex-presidente da holding Odebrecht disse aos investigadores ser impossível informar a senha do computador, porque não tem o token, um dispositivo que gera chaves temporárias.
Para a delegada, o MPF deveria ter exigido as senhas como condição para fechar acordo de delação premiada com Odebrecht. O laptop foi apreendido há dois anos, durante a 14ª fase da Lava Jato. “[É] preocupante para as investigações que a obtenção de evidências contidas no laptop de Marcelo, e que teria sido por ele supostamente indicado à PGR [Procuradoria Geral da República] como importante fonte de prova (contendo inclusive seus e-mails), não tenha exigido como condição sine qua non para qualquer acordo – de colaboração ou leniência, especialmente porquanto possa revelar novos fatos delitivos (…)”, escreveu a delegada ao MPF.
Em nota, a Odebrecht declarou que está colaborando com as autoridades no esclarecimento de todos os fatos por ela revelados e reafirmou o seu “compromisso com a verdade, com o combate à corrupção e com uma atuação ética, íntegra e transparente, no Brasil e em todos os países em que atua.”
A defesa de Marcelo Odebrecht disse que o seu cliente está inteiramente comprometido com o acordo de colaboração celebrado e à disposição da Justiça para confirmar todos os fatos já relatados ao MPF, assim como esclarecer qualquer outro elemento que lhe seja trazido a partir do acesso aos seus equipamentos eletrônicos.
Marcelo Odebrecht foi condenado em dois processos da Operação Lava Jato que tramitam em Curitiba, por crimes como corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os acordos de colaboração permitem que a pena do réu seja amenizada em troca de informações sobre os crimes que contribuam com a investigação.
O pedido para que a Polícia Federal notificasse Odebrecht para o fornecimento da senha partiu do Ministério Público Federal. Segundo os procuradores, o laptop não foi analisado justamente por falta de senha. Marcelo Odebrecht afirmou que a senha é gerada por meio de um token e que tinha dois desses aparelhos – um que teria sido entregue para advogados do grupo e outro que estaria com uma secretária. No entanto, a PF não localizou esses tokens, segundo a delegada.
“O quadro fático narrado demonstra, no mínimo, ausência de interesse em agir de forma cooperativa por parte da empresa leniente e, em um tom mais grave, sugere a atuação de personagens com o objetivo de obstruir as investigações”, afirmou a delegada.
Para Renata da Silva Rodrigues, “não há como cogitar que pertences pessoais de Marcelo tenham simplesmente extraviado”.
O que dizem as defesas
O Ministério Público Federal disse que não vai se manifestar sobre o caso. Em nota, a Odebrecht declarou que está colaborando com as autoridades no esclarecimento de todos os fatos por ela revelados e reafirmou o seu “compromisso com a verdade, com o combate à corrupção e com uma atuação ética, íntegra e transparente, no Brasil e em todos os países em que atua.”
A defesa de Marcelo Odebrecht disse que o seu cliente está inteiramente comprometido com o acordo de colaboração celebrado e à disposição da Justiça para confirmar todos os fatos já relatados ao MPF, assim como esclarecer qualquer outro elemento que lhe seja trazido a partir do acesso aos seus equipamentos eletrônicos. (AG)