Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de agosto de 2017
O gerente de novos negócios da Petrobras, Pedro Augusto Xavier Bastos, disse ao juiz Sérgio Moro que recebeu US$ 700 mil a título de gratificações após a estatal comprar um campo de petróleo em Benim, na África. De acordo com ele, a quantia foi repassada pelo também ex-diretor da empresa João Augusto Rezende Henriques, que, depois de sair da empresa, teria intermediado o negócio.
Bastos é réu em uma ação penal derivada da 41ª fase da Operação Lava Jato. Ele é acusado pelo Ministério Público federal de receber um total de US$ 4,8 milhões. No entanto, ele nega parte das acusações e chegou a chorar diante do juiz, ao considerar a denúncia injusta, em depoimento prestado nesta quinta-feira (17).
No depoimento, ele disse que a suposta gratificação foi recebida sem ser solicitada. “Eu não objetivei ser remunerado por esse serviço. Na verdade, foi até, de certa forma, uma surpresa. Eu fiquei de certa forma constrangido na época por ter recebido, porque eu não considerava que era merecedor desse dinheiro, haja vista que o nível de serviço que eu tinha prestado não era tão representativo””, afirmou.
Durante todo o depoimento, Bastos também disse que não tinha condições de interferir diretamente nas negociações entre a petrobras e a empresa que vendeu as operações do campo de petróleo.
Ele afirmou que recebeu outros US$ 4.165 milhões de João Augusto, por uma consultoria, na qual orientou Henriques para a venda de uma participação que tinha junto ao português Idalécio de Oliveira, dono da empresa CBH. “Nessa época, como eu ainda estava muito desconfortável com os US$ 700 mil recebidos, eu pedi para ele descontar os US$ 700 mil recebidos. Ele tinha que me pagar US$ 5 milhões, mas acabou me pagando US$ 4.165.000, se não me engano. Ainda ficou me devendo dinheiro”, disse.
A denúncia também afirma que parte do dinheiro que foi entregue a Bastos acabou repassada para políticos do PMDB, entre eles, o ex-deputado federal Eduardo Cunha. O ex-gerente da Petrobras negou que tenha feito repasses a qualquer político e disse que ficou com todo o dinheiro recebido. ““Eu não transferi dinheiro para nenhum político, ninguém da minha ação penal, eu não sou longa manus do João Henriques. Ou seja, nenhum agente público, nenhum agente político: nenhuma transferência foi feita para esses entes”, garantiu.
Ao final do depoimento, Bastos afirmou que pode pagar os US$ 700 mil que acredita serem de origem questionável, caso as contas sejam desbloqueadas. “Tenho dinheiro bloqueado para pagar os US$ 700 mil, pelo menos colocar à disposição da Justiça”, disse.
Próximos passos
Com o depoimento de Bastos, que é o único réu neste processo — os demais citados já foram alvo de outros processos relacionados ao mesmo caso de Benim —, Moro deverá ouvir mais duas testemunhas. Em seguida, o magistrado poderá abrir prazo para que a acusação e a defesa apresentem as alegações finais no processo.
Após as partes se manifestarem uma última vez, o juiz poderá definir, então, a sentença, que poderá condenar ou absolver Bastos. (AG)