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Redação O Sul
| 10 de outubro de 2017
O MPF (Ministério Público Federal) denunciou nessa terça-feira os irmãos Joesley e Wesley Batista por uso de informações privilegiadas e manipulação de mercado por meio das empresas JBS e FB Participações. A denúncia ocorre horas após a PF (Polícia Federal) entregar à Procuradoria o relatório final da Operação Tendão de Aquiles, que investigou e incriminou os irmãos.
Os irmãos estão presos desde setembro pela acusação. Segundo a investigação, eles se beneficiaram de informações relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado com a PGR (Procuradoria-Geral da República) para obter lucro no mercado financeiro.
De acordo com o MPF, os irmãos Joesley e Wesley Batista lucraram 100 milhões de reais com a compra de dólares dias antes do vazamento do acordo de deleção premiada. Segundo a Procuradoria, eles sabiam que a delação causaria a queda das ações da JBS e a alta do dólar, e atuaram para reduzir o prejuízo da empresa.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo empresarial dos Batista comprou 1 bilhão de dólares às vésperas do dia 17 de maio, data em que a delação premiada foi divulgada na mídia, e vendeu 327 milhões de reais em ações da JBS durante seis dias do mês de abril, enquanto seus executivos negociavam o acordo com a Procuradoria-Geral da República.
A JBS confirmou que comprou dólares no mercado futuro horas antes da divulgação da notícia de que seus executivos fizeram delação premiada. O dólar disparou no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que resultou em ganhos milionários à empresa.
Os Batista teriam praticado, então, o chamado “insider trading”, que é o uso de informações privilegiadas para lucrar com operações no mercado financeiro. A venda das ações da JBS em abril também evitou um prejuízo de R$ 138 milhões aos irmãos, já que o valor das ações da empresa despencou depois da revelação de que os empresários eram investigados pela polícia.
Relatório da PF
O delegado da Polícia Federal Edson Garutti disse nesta terça, em entrevista coletiva sobre o relatório, que os irmãos tinham “informações bombásticas, com potencial de impacto relevante no mercado”. “Eles tinham a expectativa de que, no futuro, essas informações viriam a público. Antes que viessem, se posicionaram no mercado financeiro e, com base nessas informações impactantes, aferiram lucro”, explicou o delegado.
Joesley e Wesley Batista tiveram “suas responsabilidades estritamente aferidas” no inquérito entregue ao Ministério Público Federal.
Os dois irmãos foram indiciados pelos crimes de manipulação de mercado e pelo uso indevido de informação privilegiada com abuso de poder de controle e administração. Wesley, porém, responderá sozinho à denúncia da compra de dólares, já que, segundo a polícia, não há indícios da participação de Joesley nessa negociação.