Domingo, 23 de novembro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Notícias “Se a Odebrecht der mais um passo errado, será o seu fim”, disse um membro do conselho global da empresa

Compartilhe esta notícia:

(Foto: Banco de Dados)

Mark Moody-Stuart discorre sobre temas difíceis do mundo corporativo com serenidade de quem já viu de tudo em seus 77 anos. À frente da Shell de 1998 a 2001, conduziu a petroleira em um momento em que tentava sobreviver a uma aguda crise de reputação. Agora, quer ajudar a salvar a Odebrecht, que confessou ter montado um dos maiores esquemas de propina já vistos.

O britânico, que faz parte do Conselho Global da empresa, acredita que a Odebrecht tem conserto, mas que o processo leva tempo. “É como o Alcoólicos Anônimos, que têm um programa de dez passos.”Para ele, é ótima hora para contratar a companhia, que hoje é vigiada por diversos monitores. “Eles sabem que é questão de sobrevivência e que têm de acertar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Questionado sobre os casos de corrupção em multinacionais e se as empresas recusam-se a mudar, Moody-Stuart disse: “Recusam-se a mudar ou mudaram numa direção negativa? [risos]. O fato é que não é um fenômeno novo. Para muitas grandes empresas, o maior desafio é o que chamo de propina que vem de fora. Elas têm de ficar em alerta para ver se rivais se reúnem para conspirar, se há tentativas de suborno de seus funcionários e se seus empregados pedem propina”.

“O desafio é fazer as companhias entenderem que têm de se preocupar antes [do problema]. Quando uma empresa responsável tem uma crise, todo mundo na companhia é afetado em sua autoestima. A Shell passou por isso em 1995, quando houve uma crise de direitos humanos (foi acusada de ser conivente com o governo nigeriano que executou ativistas, entre eles, o escritor Ken Saro-Wiwa) e outra ambiental, com o plano de descartar uma plataforma no Mar do Norte. Antes de 1995, se você dissesse que era da Shell, era bem visto. Depois de 1995, menos… É preciso consertar.”

Moody-Stuart diz que a Odebrecht tem conserto. “Com certeza. Talvez não deva dizer isso, mas é um pouco como os Alcoólicos Anônimos, que têm um programa de dez passos. O primeiro é ir na reunião e dizer: sou alcoólatra. Então, há regras. Depois você tem de garantir que motivará as pessoas a acreditar nas regras. Na Odebrecht, criaram comitês de compliance reportando ao conselho. Além disso, há monitores do Departamento de Justiça dos EUA e das autoridades brasileiras. De certa forma, posso dizer que não estão fazendo nada de errado agora, porque eles têm monitores por todos lados. Se você quer um trabalho bom, limpo e correto, agora a Odebrecht é a melhor para isso.”

Sobre o papel da família Odebrecht agora, ele diz que “a família é dona do negócio e isso não vai mudar – bem, pode mudar, não sei. Em uma empresa normal, o acionista não toca a empresa. Na Saudi Aramco (petroleira estatal saudita, na qual Moody-Stuart é membro do conselho de administração), a família indica conselho, aprova auditorias, recebe contabilidade. Não coloca o dedo na gestão. Na Odebrecht, a família ficará na holding. Eles estão cuidando disso”.

Questionado se faria sentido a empresa mudar de nome, declarou: “Se apenas mudar o nome, todos dirão: ‘Ah, fala sério, você está apenas chamando um elefante de rinoceronte e esperando que acredite que se transformou em rinoceronte’. Mas, se o elefante se transformar numa gazela, você pode chamá-lo de Jim em vez de Jambo. Meu instinto imediato não seria dizer para que troquem. O nome não é o problema. Se consertar a reputação, aí pode dizer que fez uma joint venture e talvez possa ter outro nome. Caso contrário, será perda de tempo. O nome, apesar de tudo, ainda tem valor”.

Questionado se seria mais fácil para a Odebrecht mudar a imagem no exterior, Moody-Stuart disse: “É basicamente o mesmo desafio ou até mais difícil. No Brasil, a maior parte das pessoas sabe que o problema não é a Odebrecht. O problema é maior. Olha a Petrobras, o governo, as alegações de corrupção… Fora do Brasil, pode-se tentar escapar da questão culpando apenas a Odebrecht. Diria para qualquer governo no mundo que, para fazer negócios limpos neste momento, a Odebrecht é uma aposta muito boa. Se eles derem um passo errado, as coisas realmente vão explodir e provavelmente será o fim da organização. Eles sabem que é questão de sobrevivência e que têm de acertar. Qualquer companhia gostaria de sair logo disso, ninguém gosta de trabalhar com esse nível de supervisão. Mas é parte da cura: seguir tomando as pílulas”.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Notícias

Lojista espanta assaltantes mascarados usando uma espada
Ministro Gilmar Mendes vota a favor da liberação do porte de droga para uso pessoal
https://www.osul.com.br/se-odebrecht-der-mais-um-passo-errado-sera-o-seu-fim-diz-membro-do-conselho-global-da-empresa/ “Se a Odebrecht der mais um passo errado, será o seu fim”, disse um membro do conselho global da empresa 2017-11-01
Deixe seu comentário
Pode te interessar