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Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2018
A inflação oficial do Brasil encerrou 2017 em 2,95%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (10). O índice acumulado no ano ficou abaixo do piso da meta do BC (Banco Central), de 3%. O centro da meta era de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Este é o menor número desde a taxa de 1998, quando o acumulado ficou em 1,65%.
O descumprimento da meta em 2017 já era esperado pelo mercado financeiro. Com o resultado, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, deverá enviar uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando por que a inflação não ficou dentro do estipulado. Essa é a primeira vez que ocorre tal situação desde que foi criado o sistema de metas de inflação, em 1999.
O setor de alimentos e bebidas, que compõem cerca de 25% das despesas das famílias, foi o que mais contribuiu para que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficasse abaixo da meta. Os alimentos recuaram 4,85% em 2017, com destaque para as frutas (-16,52%), que tiveram o maior impacto negativo (-0,19 ponto percentual) no índice geral.
Segundo o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor, Fernando Gonçalves, a queda do preço dos alimentos foi consequência da produção agrícola, que teve uma safra cerca de 30% superior à de 2016. “Essa situação levou o consumidor a pagar mais barato (-1,87%) do que no ano anterior. É a primeira vez que o grupo apresenta deflação desde a implementação do Plano Real”, diz Gonçalves.
Altas
Por outro lado, habitação (6,26%), saúde e cuidados pessoais (6,52%) e transportes (4,10%) foram os grupos que mais influenciaram positivamente. “Na habitação, as principais influências da alta vieram de produtos como o gás de botijão (16%), a taxa de água e esgoto (10,52%) e a energia elétrica (10,35%)”, informou o IBGE, que atribui a situação, em parte, ao reajuste de 84,31% nas refinarias, que contribuiu para o aumento no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13 quilos.
O setor de saúde e cuidados pessoais foi influenciado pelos planos de saúde, que ficaram 13,53% mais caros, e dos remédios (4,44% de aumento). A gasolina subiu 10,32%, contribuindo para a inflação dos transportes. Em 2017, o combustível foi afetado pelo reajuste do PIS/Cofins, além de ter tido 115 reajustes nos preços nas refinarias, com aumento acumulado de 25,49% de 3 julho a 28 de dezembro de 2017, dentro da nova política de preços da Petrobras.
Por outro lado, o principal impacto para baixo foi exercido pela energia elétrica (-0,12 ponto percentual), do grupo habitação (-0,40%), já que as contas ficaram 3,09% mais baratas. Isso devido à volta, a partir de 1º de dezembro, da bandeira tarifária vermelha patamar 1, com custo adicional nas tarifas de R$ 0,03 por cada kwh consumido, em substituição à vermelha patamar 2, que implicava em um custo adicional de R$ 0,05 por cada kwh. Cabe destacar o reajuste de 29,60% em uma das concessionárias de energia de Porto Alegre, em vigor desde 21 de dezembro.