Por Redação O Sul | 19 de janeiro de 2018
A filha adotiva do cineasta Woody Allen deu uma entrevista em lágrimas a uma rede de TV na quinta-feira, revelando detalhes de um suposto abuso do diretor há mais de 25 anos.
Na sua primeira entrevista a uma TV, Dylan Farrow disse ao programa “This Morning” da CBS que Allen a tocou em suas partes íntimas quando ela tinha sete anos de idade.
“Eu amava o meu pai. Eu o respeitava. Ele era o meu herói. E isso obviamente não apaga o que ele fez. Isso faz a traição e a dor muito mais intensas”, afirmou ela, de 32 anos.
Allen, 82 anos, negou várias vezes a acusação, que foi feita pela primeira vez em 1992 em meio à separação difícil entre ele e a atriz Mia Farrow.
Num comunicado nesta quinta, o cineasta voltou a negar a acusação e disse que Dylan estava usando o escândalo de abuso sexual em Hollywood para retomar a alegação.
A rejeição em Hollywood ao diretor tem aumentado recentemente com vários atores se distanciando dele ou doando os ganhos com os seus filmes para grupos de apoio a vítimas de assédio.
Dezenas de homens poderosos do cinema, mídia e política têm sido despedidos, se afastado de suas funções ou deixado projetos nos últimos meses após acusações de abuso sexual.
Acusações
As primeiras acusações de assédio sexual contra Woody Allen surgiram em 1992, quando ele estava se separando de Mia Farrow. Na época, a atriz relatou a um psiquiatra que Dylan, filha adotiva do casal –então com sete anos– havia lhe falado de abusos cometidos pelo pai.
Woody respondeu com um processo pedindo a guarda de seus três filhos com Mia –além de Dylan, mais um adotivo, Moses, e um biológico, Satchel, hoje conhecido como Ronan. Seguiu-se uma batalha judicial, uma investigação policial e um frenesi midiático que dura até hoje.
Aliás, que recrudesceu nos últimos meses. Vinte e cinco anos atrás, pouca gente deu crédito às acusações de Mia contra Woody. Porque elas soavam como a vingança de uma mulher traída. Seu ex-companheiro (os dois não só nunca se casaram, como sequer moraram juntos) seria um monstro completo. Além de seduzir Soon-Yi, filha adotiva de Mia com o maestro André Previn – e já maior de idade em 1992, apesar do que reza a lenda – Woody teria sido capaz de atacar sexualmente uma criança de sete anos.
Dylan Farrow escreveu ao jornal “The New York Times”, em 2014, confirmando as acusações feitas pela mãe. Seu irmão Ronan também saiu em público defendendo a versão da moça. Mas Moses, o outro irmão, disse que tudo não passava de manipulação de Mia Farrow, que teria feito a cabeça dos dois contra o pai. Novamente, poucos levaram a sério as denúncias.
Desistência
Após Dylan Farrow voltar a colocar em evidência as acusações de abuso sexual contra seu pai adotivo, o cineasta Woody Allen, o ator britânico Colin Firth afirmou em entrevista ao jornal “The Guardian”, na quinta-feira, que não tem interesse de trabalhar em projetos do diretor novamente.
“Eu não trabalharia com ele novamente”, disse Firth, que muitas vezes interpretou a figura do inglês quintessencial — em séries como “Orgulho e Preconceito”, de 1995, e filmes como “O Diário de Bridget Jones”, de 2001.
