Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2018
A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, declarou que o tribunal vai se “apequenar” se aproveitar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para rediscutir a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância. “Não creio que um caso específico geraria uma pauta diferente. Isso seria realmente apequenar o Supremo”, disse, na noite de segunda-feira (29), ao ser questionada sobre o caso do petista.
A ministra indicou que ela não tomará a iniciativa de pautar ações que tratam do tema, mesmo que não tenham relação direta com o caso de Lula. “Não tem previsão de pauta para isso. Não há pauta definida para um caso específico que geraria uma situação”, afirmou.
Cármen negou que tenha discutido o assunto com colegas do STF nos últimos dias. “Não conversei sobre esse assunto com ninguém. Os ministros estão em recesso”, declarou. A presidente do STF disse, no entanto, que um ministro pode provocar a discussão sobre o tema ao levá-lo à presidência. “Se acontecer de alguém levar em mesa, é outra coisa, não é pauta do presidente”, afirmou. Cármen não detalhou esse cenário por considerá-lo hipotético. As declarações da presidente do STF foram dadas em um jantar com jornalistas e empresários organizado pelo site Poder 360, em Brasília.
O ex-presidente Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão no dia 24 de janeiro pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP). O entendimento atual do STF, de 2016, permite a prisão de condenados em segunda instância, como é o caso de Lula.
Após o julgamento do petista, cresceu nos bastidores do Supremo a discussão sobre uma nova votação sobre o tema. Há duas ações com o ministro Marco Aurélio Mello que tratam do assunto. Reservadamente, ganha força a hipótese, no cenário de nova votação, de a maioria do plenário do STF alterar a regra em vigor, interpretando que será preciso esperar uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que a sentença seja aplicada.
Cármen ressaltou a sua posição sobre o assunto a favor do atual modelo, com prisão após julgamento em segunda instância, ou seja, ela dificilmente mudaria seu voto em novo julgamento.
Ficha Limpa
A presidente do STF afirmou ainda que considera “pacificado” o entendimento do Supremo sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa, que torna inelegível quem foi condenado por colegiado em segunda instância.
O caso de Lula deve ser objeto de discussão no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O PT afirma que vai levar até a campanha a intenção de lançá-lo candidato à Presidência da República. Carmen disse que considera “difícil” uma nova interpretação eleitoral sobre o tema.