Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de fevereiro de 2018
Os advogados de Marcelo Odebrecht apresentaram 21 e-mails trocados entre o empresário e funcionários da empreiteira Odebrecht e que supostamente comprovam a negociação envolvendo a compra de um terreno para o Instituto Lula, em São Paulo. As mensagens estavam no computador pessoal de Marcelo e foram selecionadas depois que ele passou a cumprir prisão domiciliar.
De acordo com os advogados, as mensagens corroboram informações prestadas pelo empresário em sua delação premiada, a respeito da compra, pela Odebrecht, do terreno que abrigaria a sede da instituição, em setembro de 2010 (último ano da gestão do líder petista como presidente da República). A obra, entretanto, jamais saiu do papel.
Em um desses e-mails, o ex-executivo da Odebrecht Paulo Melo pede que o setor de propinas do grupo programe três pagamentos e solicita sejam autorizados por Marcelo, então presidente do grupo que leva o sobrenome de sua família. Os mesmos valores aparecem na planilha intitulada “Italiano”, relacionados à linha “prédio IL”. Conforme a Operação Lava-Jato, “Italiano” é uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci, que admitiu gerenciar pagamentos ilícitos.
Na ação que investiga a compra do terreno, o juiz federal Sérgio Moro, da força-tarefa, já ouviu as testemunhas de defesa e de acusação, bem como todos os réus no processo, incluindo o próprio ex-presidente Lula. Não há data para que o juiz dê a sentença do caso.
Filme sobre Lula
Marcelo Odebrecht entregou à Lava-Jato uma nota fiscal no valor de R$ 250 mil e um comprovante de pagamento à produção do filme “Lula, o filho do Brasil”. O financiamento do longa é alvo de investigação da PF (Polícia Federal).
Delator da Lava-Jato, o empresário cumpre prisão domiciliar em São Paulo. Ele foi ouvido pela PF em dezembro do ano passado, quando ainda estava preso. Na ocasião, o empreiteiro “se disponibilizou a auxiliar a investigação e a buscar, por meio da sua defesa, junto à Odebrecht S.A., empresa leniente, cópias de registros sobre eventual apoio financeiro dado à produção do filme “Lula, o filho do Brasil”, ressaltou a sua defesa.
“O colaborador [Marcelo Odebrecht] também está comprometido a identificar, no âmbito da pesquisa que fará nos registros constantes do seu computador, todos aqueles documentos e informações que possam ser úteis à elucidação deste e de outros fatos investigados”, acrescentam os seus advogados.
A nota fiscal de número 2.930 tem data de vencimento de 4 de maio de 2009. Um trecho do recibo indica a discriminação dos serviços. “Cota de patrocínio da obra intitulada ‘Lula, o Filho do Brasil’. Conforme contrato”, aponta o comprovante emitido pela produtora Filmes do Equador, do cineasta Luiz Carlos Barreto. A cinebiografia do ex-presidente estreou nos cinemas em 1º de janeiro de 2010 e custou cerca de R$ 12 milhões.
O filme conta a história de Lula, desde a infância dramática no sertão de Pernambuco, passando por sua chegada a São Paulo em um caminhão “pau-de-arara”, as dificuldades ao lado da família, o trabalho na indústria metalúrgica, as históricas campanhas grevistas da década de 1970 que marcaram o ABC Paulista e a ascensão ao topo do sindicato que o consagrou e impulsionou a sua trajetória política até chegar ao Palácio do Planalto.