Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de março de 2018
Petistas classificaram as agressões sofridas nos últimos dias pela caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Sul como atos organizados por grupos isolados, mas se preparam para explorá-las politicamente. A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-chanceler Celso Amorim vão denunciar os ataques em entrevista a jornalistas estrangeiros nesta segunda (26), no Rio. A rota prevista para a viagem está mantida. Lula pretende encerrar o giro pela região em Curitiba, na quarta (28).
O objetivo dos petistas é buscar espaço na imprensa estrangeira para difundir a ideia de que Lula foi alvo de tentativas de intimidação. Também devem acusar as polícias estaduais da região de conivência com os agressores.
Ovos
Lula voltou a ser alvo de ovos em ato realizado no domingo (25) em São Miguel do Oeste (SC). O petista tem circulado pela região Sul com sua caravana desde o dia 19.
Os manifestantes contrários à presença da caravana na cidade receberam os ônibus com ovos e pedras —a janela da frente do ônibus em que estava Lula acabou quebrada. Mais tarde, enquanto o petista falava ao público, o palanque voltou a ser alvo de ovos. Assessores chegaram a segurar guarda-chuvas ao redor de Lula para evitar que ele fosse atingido.
“Esse cidadão está esperando que a gente fique nervoso, suba lá e dê uma surra nele. A gente não vai fazer isso”, disse o ex-presidente. “Eu espero que a PM tenha a responsabilidade de entrar naquela casa, pegar esse canalha e dar um corretivo nele, que ele precisa ter para não atacar ovo nas pessoas.”
Lula chamou os manifestantes que atiravam ovos de canalhas e completou: “Haverá um dia em que esse filho da mãe vai cair numa desgraça tão grande que ele vai implorar para ter um ovo para comer, e vai ter só a casca para comer”.
Medindo forças
Líderes tucanos consideraram as ações contra o PT expressões de um radicalismo que pode voltar a exibir força na campanha. Para eles, a decisão de Lula de percorrer a região num momento em que se discute sua prisão iminente pode ter soado como provocação.
Dirigentes do PT torcem para a candidatura do coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos (PSOL), deslanchar para ele engrossar as fileiras em defesa de Lula. Boulos se lançou de olho no espaço que se abrirá se o petista for impedido de concorrer.
Em conversas com aliados, Geraldo Alckmin (PSDB) reconheceu que terá dificuldades no Nordeste na corrida presidencial. O tucano também disse ver pouco espaço na região Norte, por causa da histórica oposição de São Paulo aos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus.
Candidato à reeleição, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), mostrou para os tucanos pesquisas internas que apontam o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) com 45% das intenções no Centro-Oeste.
Dirigentes de partidos da base de Michel Temer no Congresso dizem que poderá falhar a tentativa do emedebista de usar as trocas no ministério para manter a seu lado as siglas que apoiam as pretensões eleitorais do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
PP, PR e PRB podem até declarar apoio a Temer e sua eventual candidatura à reeleição, dizem, mas nada os impediria de mudar de ideia depois, quando as candidaturas ao Planalto se definirem.
Os dirigentes dessas siglas lembram o caso do ministro Gilberto Kassab (Comunicações). Ele declarou apoio à candidatura de Alckmin, mas o PSD continua à frente de dois ministérios.