Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de maio de 2018
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu prorrogar por mais 60 dias o inquérito que investiga se o presidente Michel Temer favoreceu empresas portuárias em troca de propina. Na mesma decisão, o ministro negou o pedido da defesa de Temer para arquivar a investigação.
O inquérito foi aberto no ano passado a partir de depoimentos em delação premiada de executivos do grupo J&F e apura se um decreto editado por Temer tinha por objetivo beneficiar empresas que atuam no porto de Santos (SP), o maior do País. O presidente nega que o decreto tivesse essa finalidade.
A PF (Polícia Federal) fez o pedido de prorrogação no dia 26 de abril. Foi o segundo pedido da PF para prolongar o prazo da investigação. Em 27 de fevereiro, o ministro Barroso já havia concedido uma prorrogação.
O pedido da Polícia Federal foi motivado pela necessidade de análise da quebra de sigilo bancário do presidente, autorizada em março por Barroso e para que seja feita uma análise do material colhido na Operação Skala , que prendeu amigos de Temer e empresários do setor do portos. Em parecer, a PGR (procuradora-geral da República), Raquel Dodge, concordou com o pedido da PF.
Sobre o pedido da defesa de Michel Temer de arquivamento do inquérito, o ministro disse que é preciso aguardar a coleta de provas em andamento. “Já quanto aos pedidos de arquivamento do Inquérito, formulados pela Defesa do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, razão assiste ao Ministério Público Federal ao salientar ser necessário aguardar-se a conclusão das diligências em curso para que se possa formar opinião sobre a existência material dos delitos investigados”, escreveu o ministro na decisão.
No mesmo inquérito, a Polícia Federal colheu o depoimento da filha de Michel Temer, Maristela temer. A suspeita é que a casa dela tenha sido reformada com dinheiro ilícito. A investigação já descobriu que alguns fornecedores foram pagos em dinheiro vivo. Ela e o presidente negam irregularidades no caso.
Marcela Temer
Durante quatro horas de depoimento, a psicóloga Maristela Temer, filha de Michel Temer, disse à Polícia Federal que recebeu “uma ajuda de camaradagem, amizade, quase familiar” do coronel João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, operador de seu pai há muitos anos. Ela afirmou que a obra foi responsabilidade dela, mas que recebeu ajuda financeira da mãe e também fez um empréstimo no banco. A Operação Skala investiga o decreto dos Portos editado pelo presidente Michel Temer e um esquema de propinas para o emedebista que teria sido colocado em prática pelo coronel Lima, dono da empresa Argeplan.
A filha de Michel Temer contou que seu objetivo era alugar a casa e “dar um tapa” para poder alugar, porque estava de mudança para Ibiúna (Grande São Paulo). Disse ao delegado que se separou e que queria dar à filha uma vida diferente.