Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 4 de junho de 2018
Documentos inéditos da busca e apreensão da PF (Polícia Federal) na Operação Skala, deflagrada em 29 de março, apontam novas conexões entre empresas do setor de portos na mira das investigações e o coronel João Batista Lima Filho, dono da empresa Argeplan e amigo do presidente da República, Michel Temer, de acordo com informações divulgadas pelo Blog da jornalista Andréia Sadi.
O coronel Lima, preso na operação, negou relação com a empresa Rodrimar, investigada no chamado inquérito dos portos sob suspeita de ter se beneficiado de um decreto assinado por Temer em 2017. O relatório da PF referente à busca e apreensão envolvendo alvos da Skala está sob sigilo. Entre outras pessoas, a operação levou à prisão amigos de Temer.
O documento da PF revelou que na casa de Carlos Alberto Costa, sócio do coronel Lima, os investigadores encontraram uma bolsa contendo documentos das empresas Rodrimar, Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) e Libra em um depósito/maleiro. Ainda na casa dele, no closet do quarto de um bebê, foi encontrado um arquivo morto com dados da Codesp e um arquivo morto com dados do Grupo Libra, contratos, aditivos contratuais e receitas financeiras.
A PF também achou quatro armas estrangeiras, uma espingarda calibre 12 e uma pistola calibre 9 milímetros, fabricadas nos Estados Unidos, e mais duas pistolas 9 milímetros, fabricadas na Alemanha e na República Tcheca. Além disso, encontrou um revólver Taurus calibre 32 e munições. Carlos Alberto Costa foi preso em flagrante por causa da posse de armas e munições de uso restrito e em situação irregular.
Elo entre a Rodrimar e o coronel
As buscas reforçam a ligação que está sendo investigada pela PF sobre um suposto vínculo entre o coronel, que foi assessor de Temer, e a empresa Rodrimar, suspeita de pagar propina em troca de um decreto assinado pelo presidente da República. O delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelo inquérito dos portos, ouviu em 17 de maio o contador Almir Martins, que presta serviços para a Argeplan e foi contador das campanhas de Temer em 1994, 1998, 2002 e 2006.
A Argeplan pertence ao coronel Lima Filho. Ele foi preso na Operação Skala, suspeito de receber R$ 1 milhão do grupo J&F para o presidente. A Polícia Federal suspeita que o contador Almir Martins seja “laranja” do coronel Lima. Martins contou à PF que foi indicado por um diretor da Argeplan, que já morreu, para a função de gerente da Eliland do Brasil – braço de uma empresa sediada no Uruguai.
O contador admitiu aos investigadores que se recorda de contrato firmado entre a Eliland do Brasil e a Rodrimar, mas disse não se lembrar do objeto nem dos valores envolvidos – apenas que os pagamentos ocorreram até o ano de 2010.