Quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de junho de 2018
No relatório final da Operação Cui Bono, que investiga irregularidades na CEF (Caixa Econômica Federal), a PF (Polícia Federal) ressaltou o envolvimento do presidente Michel Temer na tentativa de compra de silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e do operador Lúcio Funaro.
A acusação é baseada na delação premiada do empresário Joesley Batista, da J&F, revelada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, em maio de 2017. Joesley gravou uma conversa com Temer no Palácio do Jaburu, em que o presidente, ao ouvir que o empresário estava “de bem” com Cunha, responde: “Tem que manter isso aí, viu?”.
De acordo com a Polícia Federal, foram encontrados “indícios suficientes de materialidade e autoria” atribuíveis a Michel Temer. A PF diz que o presidente incentivou Joesley Batista a manter pagamentos a Cunha e Funaro, que estavam presos, para que os dois não fizessem acordos de delação premiada.
Em depoimento, Joesley afirmou que havia repassado R$ 5 milhões para Eduardo Cunha, depois que ele foi preso, em outubro de 2016, como “saldo de propina”. Já Funaro teria recebido pagamentos mensais de R$ 400 mil.
Garantia de silêncio
O empresário “asseverou que deu ciência a Michel Temer” sobre os pagamentos, deixando claro que “se destinavam a garantir o silêncio” dos dois, “ao que sua Excelência (Michel Temer) teria recomendado a manutenção de tais repasses”, afirma o relatório.
Após a delação da JBS-Friboi, Funaro fez um acordo e admitiu que tinha recebido dinheiro para ficar em silêncio. O caso motivou uma denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer, barrada pela Câmara dos Deputados. O processo voltará a tramitar quando terminar o mandato do presidente.
Temer sempre negou as acusações. Um dos advogados do presidente, Eduardo Carnelós, chegou a dizer que ele foi vítima de uma “tentativa de golpe”.
Além da compra de silêncio de Cunha, o relatório também destaca que Temer deixou de comunicar às autoridades competentes a suposta corrupção de juízes e membros do Ministério Público, que foi narrada por Joesley no Jaburu.
O empresário disse que estava “dando uma segurada” em um juiz. Também afirmou que um procurador estava “dando informação” para ele, e que estava tentando substituir outro procurador. Temer não condenou os relatos de crimes e, depois, não mandou investigá-los.
A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República disse, por meio de nota, que é “mentirosa a insinuação” de que o presidente Michel Temer incentivou pagamentos ilícitos a Cunha e a Funaro.
Leia abaixo a íntegra de nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República:
“Nota à imprensa
É mentirosa a insinuação de que o presidente Michel Temer incentivou pagamentos ilícitos ao ex-deputado Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro. Isso jamais aconteceu. A gravação do diálogo com Joesley Batista foi deturpada para alcançar objetivo político. A verdade é que, na conversa grampeada, quando o empresário diz que mantinha boa relação com o deputado, o presidente o incentiva a não alterar esse quadro.
Segue a transcrição desse trecho do diálogo: Joesley – ‘Eu tô de bem com o Eduardo’ / Michel Temer – ‘Tem que manter isso, viu?’ Portanto, não tem nada a ver com aval a qualquer pagamento a quem quer que seja.
Assim, é ridículo dizer que houve obstrução à Justiça e, muito menos, relativamente a qualquer caso envolvendo integrantes da Magistratura e do Ministério Público. O presidente não tinha nomes, e nem sequer sabia que o procurador Marcelo Müller estava trabalhando para a J&F da família Batista.
Apesar da ausência absoluta de provas, investigadores insistem em retirar do contexto diálogos e frases para tentar incriminar o presidente da República. Perpetuam inquéritos baseados somente em suposições e teses, sem conexão com fatos reais.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República”