Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2018
O empresário Marcelo Odebrecht definiu como “discurso leviano e diversionista”, em um e-mail, uma entrevista de Olga Pontes, diretora de compliance da empreiteira. Ela afirmou recentemente que é preciso “baixar a cabeça e dizer que pecamos”, conforme divulgou a jornalista Mônica Bergamo do jornal Folha de S.Paulo.
A mensagem foi encaminhada para o diretor-presidente do grupo, Luciano Guidolin, e para Sergio Foguel, membro do conselho da companhia, no mês passado. Marcelo diz no texto que sua família “não foi culpada, e, sim, foi lesada” pelas práticas da empresa.
Segundo ele, é errado dizer que as orientações e a responsabilidade pelas práticas do passado cabem exclusivamente à família. “A maioria dos conselheiros da Odebrecht S.A. eram não apenas acionistas sem vínculos com a família Odebrecht, como eram ex-executivos da organização”. Esses mesmos membros, segue Marcelo, “implantaram ou evoluíram estas práticas”.
Sítio
Em declaração escrita ao juiz federal Sérgio Moro, o patriarca do grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht, isentou seu filho Marcelo de responsabilidade nas obras do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). O empreiteiro afirma que competia a ele os “contatos diretos” com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que Marcelo tinha como interlocutores do petista para pedidos da construtora os ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega.
Emílio afirma que Marcelo reportava a ele “os temas por ele tratados diretamente com Antônio Palocci e Guido Mantega que tinham relação ou envolviam Lula”. “A relação pessoal com Lula sempre foi minha no âmbito da Odebrecht, e assim continuou a ser mesmo depois que Marcelo assumiu a presidência da holding. Antonio Palocci e Guido Mantega foram indicados por Lula, a mim, principalmente o primeiro, como seus interlocutores com Marcelo sobre arrecadação de campanha para o PT, conforme narrei em meus relatos”.
“Hoje sei que Marcelo tratava também com os mesmos interlocutores do PT sobre temas de interesse da Odebrecht junto ao governo federal e que alguns desses temas estão refletidos na chamada Planilha Italiano”, afirmou.
“Até onde pude averiguar e perceber, tal planilha visava o controle, como conta-corrente, a partir de um crédito global para pagamentos, no tempo, solicitados a pretexto de despesas de campanhas e, por outro lado, a planilha fazia uma alocação interna dos custos destes pagamentos. Apesar de, à época dos fatos, eu não conhecer a planilha em si, apenas sabia da existência de um valor global”, acrescentou.
Emílio ainda diz que os temas refletidos na planilha, como “Medidas Provisórias do Refis da Crise e linhas de crédito de Angola” que tinham “alguma relação com Lula foram” por ele levados ao petista ‘para consolidar apoio a pleitos empresariais’ como, segundo o empreiteiro, “sempre prevaleceu na relação” dele com Lula.
“À exceção dos temas já mencionados, posso declarar que Marcelo não se envolveu em nenhuma tratativa direta ou indireta com Lula, cuja responsabilidade pela relação no Grupo Odebrecht era minha, como aliás já declarei em minha colaboração”, prosseguiu.
Quanto à questão do sítio de Atibaia, Emílio declarou que Marcelo não se envolveu em tratativas com Lula em relação a esse assunto, nem direta e nem indiretamente: “O contato com Lula sobre esse assunto se deu diretamente comigo, conforme informado no meu relato e, aliás, como ocorria com os temas que envolviam Lula”.