Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2018
Dizendo-se surpreendidos pela operação que atingiu um ex-secretário do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), aliados do presidenciável temem uma delação premiada e lamentam a má notícia para a imagem do tucano no momento em que o pré-candidato tenta demonstrar força para fechar alianças e decolar nas pesquisas. Laurence Lourenço, ex-secretário de Transportes e ex-presidente da Dersa, estatal paulista que administra rodovias, e outros 14 servidores foram presos na quinta-feira.
Oito deles foram soltos no dia seguinte, medida que não incluiu Lourenço. A juíza Maria Isabel do Prado determinou a libertação após o MPF (Ministério Público Federal) alegar que não havia mais interesse na prisão dos oito servidores para as investigações.
Segundo a PF (Polícia Federal) e o Ministério Público, a Dersa assinou aditivos irregulares nas obras do Rodoanel que trouxeram prejuízo de mais de R$ 600 milhões.
Entre interlocutores de Alckmin, condenou-se a forma com que Lourenço foi abordado, considerada feroz para constrangê-lo a delatar ou envolver outras pessoas no esquema investigado.
Aliados do presidenciável disseram que à defesa de Lourenço foi dificultado o acesso ao processo mesmo depois da prisão, em suposto método de pressão dos investigadores.
O temor é que o desenrolar da Operação Pedra no Caminho aponte abastecimento de caixa dois de campanha a partir de um superfaturamento nas obras do Rodoanel.
Até entre alckmistas que rechaçam a hipótese de delação lamenta-se que essa sombra volte a rondar o presidenciável.
Há menos de um mês, outro dirigente da Dersa foi solto pela segunda vez sob a ameaça de que poderia delatar. Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi posto em liberdade no final de maio, por decisão de Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Operação Pedra no Caminho
A ação faz parte da investigação sobre desvios de recursos públicos nas obras do trecho norte do Rodoanel de São Paulo. O ex-presidente da Dersa atualmente ocupava a presidência da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), cargo a que renunciou após a deflagração da operação. Ele é homem de confiança do governo tucano, sendo que, no último ano, acumulou o cargo de secretário de Transportes e Logística do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo inquérito instaurado em 2016, a investigação começou com a denúncia de um ex-gerente de uma empreiteira que não concordava com os desvios de dinheiro e foi exonerado do cargo.
A obra era dividida em seis lotes, sendo que as fraudes eram mais evidentes no lote sob responsabilidade da Construtora OAS. Outras construtoras suspeitas de irregularidades são Isolux Corsán, Acciona Infraestruturas e Construcap.
De acordo com o MPF, as fraudes, que envolveram desvios e superfaturamento, estão relacionados a um convênio firmado entre a estatal estadual e a União no valor de R$ 6,4 bilhões. A procuradoria estima que os desvios chegaram a R$ 600 milhões.
Em nota, a Dersa informou que a empresa e o governo de São Paulo são os maiores interessados no andamento do processo. “Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões.”
A OAS esclareceu, também em nota, que os atuais gestores da construtora têm prestado às autoridades todos os esclarecimentos a respeito de atividades e contratos sobre os quais haja questionamentos – no projeto do Rodoanel em particular e em todos os outros que realiza.