Quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2018
Ao ser oficializado como candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes fincou os és no campo da esquerda, prometendo cuidar da classe trabalhadora e dos mais pobres. No discurso de apresentação de sua candidatura, ele defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que, depois da prisão do petista, sua “responsabilidade aumentou”. Ciro defendeu um novo projeto de desenvolvimento para o País, e elegeu a geração de empregos como primeira tarefa para tirar o Brasil da crise.
“Depois de tudo que houve com o presidente Lula nossa responsabilidade aumentou. São 207 milhões de pessoas que têm que se vestir, se empregar, garantir que se alimentem”, disse no discurso, no qual também prometeu taxar os mais ricos para reduzir as desigualdades. “O povo e a classe média brasileira já pagaram demais. Portanto quem tem que pagar esse sacrifício na proporção justa e generosa é o governo e o homem mais rico. O Brasil não vai sair dessa equação diícil na base do nós contra eles. O governo também tem sua parte importante. Vou olhar com uma lupa cada despesa, cada conta, cada gesto de outros privilégios e do desvio de recursos. Não duvidem. Parte da onda de violência que sofro é porque comigo privilégio vai ser perseguido e encerrado.
Alijado do processo de aliança do bloco do centrão, que decidiu apoiar o tucano Geraldo Alckmin, Ciro voltou a reconhecer que comete erros porque dorme pouco e tem a palavra como ferramenta de trabalho. Antes de seguir para o auditório, lotado, onde proferiu seu discurso, Ciro fez uma breve fala do lado de fora, no gramado da sede do PDT, onde foi montado um palco. Lá, disse que não é anjo.
“Não posso concordar com a degradação que aconteceu com a vida brasileira. Isso evidentemente me leva a cometer erros. Não sou superior nem vacinado nem imune a erros. Tenho trabalhado praticamente dez horas por dia e a minha ferramenta de trabalho é a palavra. Posso errar aqui e ali, nunca tive a pretensão de ser anjo”, discursou.
A intempestividade do presidenciável foi um dos argumentos do centrao para desistir de apoiá-lo. Agora, tanto Ciro como seus aliados têm trabalhado para tentar converter a pecha de destemperado numa virtude, como a de alguém que fala a verdade sem meias palavras, com a indignação que o momento merece. O slogan da campanha é Ciro: força e paixão para mudar o Brasil.
Em terceiro lugar nas pesuisas deintenção de voto nos cenários sem Lula, o candidato do PDT tem entre seus desafios conquistar o eleitorado jovem e feminino, vencer resistências no mercado financeiro e no setor produtivo, além de controlar seus arroubos verbais.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada no início de junho, Ciro aparece com 10% nos cenários em que o candidato do PT é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou o ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Mas na faixa do eleitorado entre 16 e 24 anos, o presidenciável do PDT varia entre 5% e 7%. No recorte por idade, esse é seu pior desempenho.
Já entre o eleitorado feminino, Ciro aparece com 8%, enquanto é o preferido de 12% dos homens.
O desafio imediato de Ciro, no entanto, é romper o isolamento político em que se encontra. Agora, ele apostará tudo em uma aliança com o PSB, o que desde o início era sua prioridade. Os pessebistas, no entanto, também são disputados pelo PT, e prometem tomar uma decisão até o próximo dia 30.
Ciro esquivou-se de temas polêmicos e não mencionou medidas controversas que vinha defendendo ao longo da pré-campanha. Entre elas, não citou a revogação da reforma trabalhista, a intenção de estabelecer um teto para o pagamento de juros da dívida da União e a dissolução da fusão entre a Embraer e a norte-americana Boeing. No começo de seu discurso ele defendeu os pontos que considera prioritários para o País.
“Estamos vivendo o fim de um ciclo histórico. Estou convencido que para seguir adiante como nação precisamos de um novo projeto nacional de desenvolvimento. Um grande acordo que devemos celebrar entre todos nós brasileiros em torno de algumas metas que o País pode e deve alcançar.