Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de julho de 2018
Depois de perder aliados à direita com a migração dos partidos do centrão para o tucano Geraldo Alckmin, Ciro Gomes virou à esquerda e fala diretamente para o público lulista. Promete cuidar da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se eleito for. Esse público-eleitor é o que, nas pesquisas de intenção de voto, dá a Lula 30% . Quando o petista está fora do cenário pesquisado, boa parte desse contingente migra para os brancos e nulos ainda à espera de um nome. Ciro quer ocupar esse espaço.
“O Lula tem alguma chance de sair da cadeia? Nenhuma. Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, declarou.
Os pendores de Ciro à esquerda parecem já ter recebido uma atenção especial da sua área de marketing político. Produzido pelo PDT e divulgado na convenção que o oficializou como candidato do partido ao posto de presidente da República, o material que lista os “12 passos para mudar o Brasil” não conta os detalhes da trajetória partidária de Ciro.
“Que Ciro é esse?” indaga uma parte do texto que trata da biografia do candidato. Lá está relatado que ele foi deputado estadual no Ceará com apenas 24 anos. Prefeito de Fortaleza aos 31. Governador em 1990. Ministro da Fazenda que ajudou a consolidar o Plano Real em 1994. Ministro de Lula em 2003.
O que não aparece: Ciro começou no PDS que apoiava o regime militar. O pai dele era do partido e o próprio político afirma que não poderia ir contra na época. Eleito migrou para o então MDB. De lá foi ao PSDB, onde se tornou governador e depois ministro no governo Itamar Franco. Depois foi ao PPS e hoje se encontra no PDT.
Mas além da promessa aos adeptos do slogan “Lula Livre” que impulsiona os atos do PT, Ciro manda novo recado ao Judiciário e ao Ministério Público. Na era Lava-Jato, o protagonismo deles só agradou ao mundo político quando o alvo da prisão era o adversário, quando era o aliado, a ordem judicial virava abuso e motivo de protesto.
O ex-presidente está preso desde 7 de abril em uma sala especial na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ele foi condenado em segunda instância pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e 1 mês, além de ter de pagar multa no valor total de 1.400 salários mínimos (cerca de R$ 1 milhão), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.
Ao se referir a possíveis nomes colocados pelo PT, no caso de Lula não ser candidato, Ciro afirma: “Com uma tragédia, só resta eu. Porque ninguém inventa (um nome) de um dia pra noite. Se inventa, mesmo dando certo, acaba dando errado”.
Em maio, Ciro chegou a declarar que propor um indulto a Lula seria “loucura”. “Se eu prometesse indulto a Lula, eu estaria agindo contra ele, que é meu amigo há mais de 30 anos”, disse à época. “Indulto é apenas para aqueles que já foram condenados em todas as instâncias. E Lula ainda está recorrendo da decisão que o condenou”, afirmou Ciro, para acrescentar: “Por que vai me indultar? Sou inocente”.