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Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2018
Mais da metade dos bispos e cardeais holandeses ativos entre os anos de 1945 e 2010 estavam cientes das agressões sexuais cometidas dentro da Igreja Católica em seu país, revelou o jornal NRC neste sábado. “Na Holanda, também cardeais e bispos encobriram agressões sexuais, o que permitiu mais vítimas”, indicou o jornal.
A Igreja Católica está imersa em todo o mundo em vários escândalos de padres pedófilos encobertos por sua hierarquia, em nome da proteção da instituição. “Vinte dos 39 cardeais holandeses, bispos e bispos auxiliares foram implicados em casos de abuso na Igreja Católica entre 1945 e 2010″, disse a NRC em uma extensa matéria.
A Igreja Católica holandesa confirmou “uma parte” dessas denúncias. Algumas revelações são baseadas em informações anônimas obtidas pela célula de acolhimento de vítimas implementada pela Igreja. “Os nomes de vários bispos correspondem ao que é informado em um relatório encomendado pela Igreja em 2010”, disse uma porta-voz da Igreja Católica Holandesa, Daphne van Roosendaal. Os bispos mencionados faleceram em sua maioria e todos os casos acabaram prescritos, acrescentou.
Nenhum dos bispos envolvidos na investigação do jornal está atuando pastoralmente. Os que ainda estão vivos não quiseram comentar o caso, informou o jornal.
A comissão contra a pedofilia do papa Francisco já advertiu que o combate às agressões contra crianças deve ser “a prioridade” da Igreja Católica. Esta semana, a Igreja Católica alemã declarou-se “desanimada e envergonhada” depois do vazamento de um estudo que revela que milhares de crianças sofreram abusos sexuais nas mãos de padres entre 1946 e 2014.
Alemanha
Um estudo conduzido por três universidades alemãs, ordenado pela conferência episcopal alemã, concluiu, recentemente, que 1.670 religiosos e padres abusaram de 3.677 menores, a maioria meninos com menos de 13 anos, foram vítimas de abuso sexual por 1.670 clérigos.
O bispo de Trier, Stephan Ackerman, disse em nome da Conferência Episcopal alemã que a igreja estava ciente da extensão dos abusos apontados pelo estudo. “É deprimente e uma vergonha”, afirmou em nota. O Vaticano não se pronunciou.
Por três anos e meio, um grupo de pesquisadores das Universidades de Mannheim, Heidelberg e Giessen examinou 38 mil dossiês e manuscritos de 27 dioceses alemãs transmitidos pela Igreja. Foi verificado que 1 em cada 6 casos envolveu alguma forma de estupro e três quartos das vítimas sofreram abusos dentro de uma igreja ou no âmbito de uma relação pastoral com o acusado.
Em muitos casos, as evidências foram destruídas ou manipuladas , a gravidade dos casos foram “minimizados” e os religiosos acusados transferidos de paróquia sem que a nova localidade fosse alertada sobre eles.
O estudo apontou, também, que 4% dos acusados ainda trabalham e que apenas um terço deles sofreram algum tipo de sanção por parte da igreja. O documento sugere ainda que a igreja examine a obrigação do celibato e a ordenação de homens gays como “fatores de risco”.