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Brasil Homens e mulheres nunca votaram de forma tão diferente no Brasil

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Pesquisas mostram visões políticas diferentes entre gêneros. (Foto: Reprodução)

Homens e mulheres nunca votaram de forma tão diferente, ao menos nos últimos 24 anos. Nem quando o Brasil elegeu (e reelegeu) uma mulher para a Presidência da República – Dilma Rousseff (PT), em 2010 e 2014 – ou quando duas delas lideravam a corrida presidencial, a disparidade de gênero no voto foi tão acentuada quanto agora.

Uma análise das pesquisas eleitorais das duas últimas semanas de campanha das eleições presidenciais realizadas desde 1994 mostra, dentre outras coisas: o que ocorre em relação a Jair Bolsonaro (PSL) é um ponto fora da curva. Segundo a última pesquisa do instituto Ibope, o deputado e militar da reserva tinha 36% das intenções de voto entre os homens e 18% entre as mulheres. Ou seja, o dobro de apoio no eleitorado masculino. De cada três eleitores seus, apenas um é mulher (66% contra 33%).

Nos 24 anos anteriores, as maiores discrepâncias na votação por gênero haviam ocorrido em 1994 e 2002, quando a composição do eleitorado de Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ser 55% masculina e 45% feminina. Na reta final da campanha de 2014, quando Dilma e Marina Silva (então no PSB e hoje na Rede) chegaram a ficar brevemente em primeiro e segundo lugar, ambas tinham a mesma composição em seus eleitorados: 53% de mulheres e 47% de homens.

Para a cientista política da UnB (Universidade de Brasília) Flávia Biroli, não são apenas as frases consideradas machistas que afastam as mulheres de Bolsonaro. O presidenciável já afirmou que “fraquejou” quando teve uma filha, depois de quatro homens, e que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) não “merecia” ser estuprada “por ser muito feia”.

Flávia avalia que há aspectos na candidatura de Bolsonaro interpretados de maneiras diferentes por mulheres e homens, por causa da posição diferente que cada gênero tem na sociedade: “As mulheres no Brasil são mais escolarizadas, mas menos valorizadas, com mais dificuldade de encontrar emprego. Quando ele fala que o Estado não tem nada a ver com isso, que é questão de mérito, isso atinge muito elas”.

A cientista política também vê um contraste entre o momento de maior protagonismo assumido pelas mulheres nos últimos anos, no Brasil e no mundo, e as ideias do candidato. O movimento “MeToo”, por exemplo, que surgiu nos Estados Unidos, levou a uma onda de denúncias de abuso sexual: “A maneira do Bolsonaro de falar as ignora como sujeito político e o papel que elas têm assumido na sociedade”.

Ainda segundo a pesquisadora, até o antipetismo pode ser menos forte para elas. “São as mulheres as mais afetadas pelas políticas sociais, são elas que cuidam das crianças, dos idosos, ficam sem emprego primeiro”, ressalta.

O fiscal de trânsito Paulo (nome fictício), 34 anos, não votou nas duas últimas eleições, mas nesta faz questão. “Hoje, para enfrentar a esquerda no país, só o Bolsonaro, se não vamos virar a Venezuela.” As páginas dele nas redes sociais são alimentadas só com informações positivas do candidato. “Se pudesse, minha mulher me excluía do Facebook dela”, brinca.

A mulher em questão é psicóloga e não vota no mesmo candidato. “O que ele falou para a deputada sobre estupro não se fala para ninguém. É uma questão de valores, discordo totalmente”, diz Ana (nome fictício), 33 anos, que diz se preocupar com o marido, que parece obcecado pela vitória de Bolsonaro. “Mas ele não é machista”, jura.

Diferença

Para a cientista política e pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da USP (Universidade de São Paulo) Beatriz Rodrigues Sanchez, uma das questões centrais para a diferença de gênero no voto é a segurança: “A violência faz parte da vida deles desde a infância, eles brincam com armas. Já para mulheres, especialmente negras e pobres, há outro significado. Essa história de ‘colocar ordem’ no Brasil as assusta porque a violência policial tem matado os filhos delas na periferia”.

A rejeição ao candidato do PSL levou à criação de um grupo no Facebook, o “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, que tem hoje quase 4 milhões de integrantes. Quem iniciou a página foi a funcionária pública baiana Ludimilla Teixeira, que se considera anarquista e nem sequer sabe se vai votar nessas eleições.

Foi nesse mesmo grupo que acabou sendo criada a #Elenão, usada até por personalidades mundiais como as cantoras Madonna e Cher. Nele, há relatos de mulheres que reclamam de maridos que vão votar no candidato do PSL – homens não são aceitos no grupo. O crescente número de integrantes fez os outros candidatos passarem a usar a hashtag em suas campanhas. A página foi hackeada este mês e o nome, trocado para “Mulheres com Bolsonaro”, antes que o Facebook restabelecese a página. Mas a criadora continua recebendo ameaças.

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https://www.osul.com.br/homens-e-mulheres-nunca-votaram-de-forma-tao-diferente-no-brasil/ Homens e mulheres nunca votaram de forma tão diferente no Brasil 2018-09-30
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