Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2018
O diretor-presidente do instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, acredita que os levantamentos sobre intenções de voto divulgados com muita antecedência devem ser repensados. Segundo ele, esse tipo de informação acaba estimulando a opção do eleitor por candidatos mais competitivos, mas não necessariamente os melhores.
“O eleitor é induzido a partir para o voto útil”, alerta. “Além disso, o resultado da primeira pesquisa sobre o segundo turno, divulgada assim que acaba o primeiro, costuma ser diferente daquelas divulgadas até o primeiro turno. Quem arranca melhor no finalzinho do primeiro turno costuma sair na frente nas pesquisas do segundo”.
Hidalgo lembra que isso ocorreu na eleição passada: em 2014, Aécio Neves (PSDB) teve uma arrancada importante. Ultrapassou Marina Silva (então PSB), chegou ao segundo turno e na sequência chegou a ficou na frente nas primeiras pesquisas. Só que as simulações de segundo turno – feitas ainda no período do primeiro turno – apontavam a Dilma na frente.
“Dessa forma, deveria haver restrições na divulgação de simulações de segundo turno”, preconiza. “Defendo que a primeira divulgação só ocorra a poucas horas da realização do primeiro turno.”
Marketing
Especialistas avaliam que os candidatos costumam se valer das simulações de segundo para tentar conquistar o voto, com base justamente nessas projeções. Para o diretor do Paraná Pesquisas, esse é um instrumento de marketing que acaba se mostrando vantajoso para muitas campanhas:
“Um determinado candidato tenta induzir o voto nele para eliminar os candidatos que talvez o eleitor não queira ver eleito. Dessa forma, o processo todo vira uma espécie de ‘eleição de exclusão’ e uma das consequências é que a qualidade da candidatura fica em segundo plano”.
Rejeição
“Eu acho que esse aspecto influencia no voto útil, assim como as simulações de segundo turno”, prossegue. “Infelizmente, ainda há uma pequena parcela da população que vota em quem acha que ganhará as eleições. E vencerá aquele que tiver o menor índice de rejeição, não tenho dúvida.”
Murilo Hidalgo volta a citar como exemplo o pleito de 2014, quando a rejeição a Dilma Rousseff (PT) era alta, mas a de Aécio cresceu muito no segundo turno: “Até o primeiro turno ele não era o favorito. Agora, nesta eleição de 2018, a rejeição a Jairo Bolsonaro é grande, enquanto a de Fernando Haddad é menor, embora possa crescer.