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Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2018
A arquidiocese de Washington divulgou na segunda-feira (15) os nomes de 31 clérigos que serviram em sua jurisdição acusados de abuso infantil nos últimos 70 anos, um gesto que ocorre dias após a renúncia do cardeal Donald Wuerl. A maioria dos casos parece já ser conhecida e 17 dos citados já morreram, segundo os dados da arquidiocese. Todos os sacerdotes mencionados na lista já foram removidos da Igreja.
Na sexta-feira passada, o Papa Francisco aceitou a renúncia de Wuerl, um proeminente cardeal americano que serviu como arcebispo de Washington. Wuerl, no centro da controvérsia sobre as acusações de ter acoberto padres pedófilos, foi o responsável pela publicação dos nomes.
“Esta lista é uma lembrança dolorosa dos graves pecados cometidos pelo clero, a dor infligida a pessoas inocentes e os danos causados aos fiéis da Igreja, a quem continuamos a implorar perdão”, disse Wuerl em um comunicado.
O cardeal, de 77 anos, é acusado de negligência diante de atos de padres pedófilos no estado da Pensilvânia, onde foi bispo de sua cidade natal, Pittsburgh, entre 1988 e 2006. Uma investigação local, publicada em agosto, revelou abusos sexuais realizados por décadas por mais de 300 padres.
No relatório final, o cardeal Wuerl é mencionado em numerosas ocasiões como um dos líderes eclesiásticos que ajudaram a silenciar o escândalo. A renúncia de Wuerl ocorre em um momento em que o Papa Francisco enfrenta uma grave crise devido a alegações de abuso sexual de menores em todo o mundo.
Chile
O papa Francisco expulsou da Igreja Católica outros dois bispos chilenos por abuso sexual.A medida foi divulgada pelo Vaticano no sábado (13), depois de Francisco ter recebido o presidente chileno, Sebastián Piñera, em audiência privada. Os bispos Francisco José Cox Huneeis, arcebispo emérito de La Serena, e Marco Antonio Ordenes Fernández, arcebispo emérito de Iquique, receberam a maior punição da Igreja Católica “como resultado de atos manifestos de abuso”, informou a Santa Sé.
Em ambos os casos aplicou o artigo 21 § 2, 2 ° do Motu Proprio “Sacramentorum sanctitatis tutela”, como um resultado de atos evidentes de abuso sexual contra crianças e adolescentes. A decisão, tomada pelo papa no dia 11, não admite recurso. Os dois foram substituídos por administradores apostólicos interinos.
“Tivemos um encontro muito bom e franco com o papa Francisco, falamos sobre a difícil situação em que vive a Igreja no Chile. Compartilhamos a esperança de que a igreja possa viver um verdadeiro renascimento e recuperar o afeto e a proximidade do povo de Deus “, disse o presidente do Chile.
Em 21 de setembro, o papa Francisco tinha aceitado a demissão de outros dois bispos do Chile, país que investiga vários casos de abuso sexual cometidos pelo clero. À época, deixaram o cargo dom Carlos Eduardo Pellegrin Barrera, que atuava em San Bartlomé de Chillan, e dom Cristián Enrique Contreras Molina, da diocese de San Felipe
A Igreja Católica chilena está no meio de uma tempestade desde a visita do pontífice no início do ano e da multiplicação de inquéritos — atualmente são 119 — por casos de suspeita de abuso sexual por parte de membros da Igreja contra menores e adultos desde os anos 1960.
Em 18 de maio, a conferência episcopal chilena anunciou que os 34 bispos que foram a Roma se reunir com o papa Francisco apresentaram seu pedido de demissão. Na ocasião, o pontífice já havia aceitado a renúncia de outros cinco bispos chilenos, punindo, assim, uma hierarquia da Igreja acusada por vítimas de padres pedófilos de acobertarem os crimes. A mais polêmica saída foi a de dom Juan Barros, acusado de ter acobertado as ações de um padre pedófilo. Em sua viagem ao Chile em janeiro deste ano, o papa chegou a defendê-lo, em um primeiro momento.