Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de novembro de 2018
Sucesso entre eleitores do PSL, o “sim” de Sergio Moro a Jair Bolsonaro bateu quadrado no Congresso. Integrantes de diversos partidos, da esquerda à direita, passando pelo centrão, dizem que a escolha do presidente eleito para o Ministério da Justiça foi vista como uma tentativa de emparedar o Legislativo, como se o agora ex-juiz fosse uma espada na cabeça de parlamentares. Deputados e senadores lembram, porém, que fora do Judiciário Moro ficará exposto, suscetível a CPIs e convocações.
Politicamente, é unânime, Bolsonaro marcou mais pontos com seu eleitorado e fortaleceu o discurso de que seu governo será intolerante com a corrupção ao levar Moro para a Esplanada.
Refém das escolhas
Durante toda a quinta (1º), após a resposta de Moro, políticos repisaram um ditado dos bastidores do poder: “Nunca nomeie alguém que não possa demitir”. Agora, Bolsonaro tem dois superministros que, se decidirem deixá-lo, farão estrago: Moro, claro, e Paulo Guedes, o guru da economia.
Para o PT e para Fernando Haddad, que concorreu à Presidência pela sigla, a decisão de Moro dá força à ação que Lula move na ONU (Organização das Nações Unidas) contra sua condenação. Após a resposta de Moro, Haddad chegou a dizer que o ex-presidente “ganhou hoje a causa” no organismo internacional.
O convite de Bolsonaro a Moro, com a perspectiva de posterior indicação ao Supremo Tribunal Federal na vaga de Celso de Mello, que se aposenta em 2020, teria ultrajado o decano. Segundo uma pessoa próxima, ele se sentiu ofendido. Detalhe: a resposta de Moro veio no dia do aniversário de Mello. O ministro Celso de Mello, no entanto, divulgou nota, na manhã desta sexta-feira (2), em que nega ter feito qualquer comentário sobre as especulações em torno da ida de Moro para a Corte.