Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de novembro de 2018
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) vai ser nomeado, nesta segunda-feira (5), ministro extraordinário. Ele será oficialmente o responsável pela coordenação do processo de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro. Braço direito do futuro mandatário, Lorenzoni foi anunciado como o ministro da Casa Civil do novo governo.
Lorenzoni se licenciará da Câmara dos Deputados e o suplente da coligação, Washington Stecanela Cerqueira, do PDT do Rio Grande do Sul, assumirá o mandato. Ele é ex-jogador de futebol e atualmente é dirigente do clube Itabaiana, de Sergipe.
Lorenzoni abrirá mão da remuneração de deputado, que é de R$ 33.763. Como ministro temporário, ele receberá um salário que pode variar entre R$ 2,5 mil a R$ 16,5 mil. Estes valores correspondem ao mínimo e ao máximo que será pago mensalmente para os cargos da transição. O presidente eleito terá direito de indicar até 50 pessoas.
Na semana passada, Lorenzoni afirmou que Bolsonaro nomeará 22 pessoas para integrar a equipe de transição. Os nomes também serão publicados no Diário Oficial da União desta segunda-feira. O grupo trabalhará com os funcionários do presidente Michel Temer, designados para este período, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
A área já foi organizada para a transição. Segundo a assessoria de comunicação do DEM, que está auxiliando na relação com os jornalistas, ainda não há uma definição sobre a entrada da imprensa no CCBB e a participação em coletivas por envolver questões logísticas e de segurança.
Comunicação direta
Na última quarta-feira, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), usou sua conta de Twitter para dar um recado: “Nossos ministérios não serão compostos por condenados por corrupção, como foram nos últimos governos. Anunciarei os nomes oficialmente em minhas redes. Qualquer informação além é mera especulação maldosa e sem credibilidade”.
A mensagem é um indicativo de que Bolsonaro não pretende abandonar a estratégia da campanha e vai continuar usando as redes sociais para fazer seus comunicados (como a nomeação de um ministro) – e que “qualquer informação além é mera especulação maldosa e sem credibilidade”. Ou seja, os próximos anos de governo devem ser marcados pela comunicação direta (via Twitter, transmissões ao vivo, WhatsApp, aplicativos e outras) entre o eleito, seus eleitores e a população em geral.
Além disso, os grupos de WhatsApp mais ativos durante a campanha eleitoral devem continuar em funcionamento. Direto de Boston (EUA), Newton Martins, que é administrador de mais de 60 grupos de apoio ao novo presidente, afirma que a ofensiva irá continuar mesmo com a definição do pleito. “Nós preferimos o uso do WhatsApp em relação ao Facebook porque é uma ferramenta mais leve, que chega a qualquer canto do Brasil, onde não há internet veloz”, diz ele, que afirma nunca ter tido contato pessoal com Bolsonaro.
“Bolsonaro, seu filhos e um celular criaram uma rede de comunicação que o levou à Presidência. Esse contato direto deve ser potencializado e atingir milhões de pessoas”, diz o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP).
Na próxima semana, a cúpula do novo governo irá se reunir para definir os parâmetros da comunicação do Planalto. O que se sabe é que o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, terá protagonismo na continuidade do projeto de comunicação direta – ele foi um dos responsáveis pela coordenação das redes sociais durante o período eleitoral).
O próprio discurso da vitória, no dia 28 de outubro, foi um exemplo de como o futuro presidente deve se comportar em termos de comunicação. O discurso em questão não foi feito durante uma coletiva de imprensa – como normalmente ocorre. O recém-eleito se dirigiu à nação por meio de uma live – transmitida de dentro de sua casa, no Rio. Segundo aliados, esse é um modelo vencedor e que deve ser mantido e ampliado.
O capital virtual do novo presidente é realmente grande. Só no Twitter, ele conta com mais de 2 milhões de seguidores. Os números também são expressivos em redes como Facebook, Instagram e YouTube. Na eleição, esse diferencial foi utilizado para espalhar notícias positivas sobre Bolsonaro e atacar adversários.
Para o especialista em comunicação online Fernando Azevedo, sócio da Silicon Minds, as eleições mostraram que a comunicação via redes sociais favorece e protege os políticos. “A mensagem que o político quer passar é enviada sem edição, corte e interpretação. Por isso, Bolsonaro e outros políticos preferem usar as redes. Um modelo que vem sendo bastante usado, por exemplo, por Donald Trump”, afirma.
Na quinta-feira passada, Bolsonaro reforçou essa ideia ao excluir a imprensa escrita de uma coletiva após convidar o juiz Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça.