Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2018
Um boneco representando o presidente eleito no Brasil, Jair Bolsonaro, foi destaque da Marcha do Clima, uma manifestação realizada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, pelas ruas centrais de Katowice, na Polônia. Com braços manipuláveis, a peça compunha uma encenação ao longo da marcha com outra boneca que representava uma indígena.
A conferência deste ano, chamada COP24, entra na segunda semana de programação com a missão de concretizar as negociações que podem definir as regras de implementação do Acordo de Paris. É nesta reta final que chegam os ministros dos 195 países integrantes da convenção para as reuniões de alto nível.
Os bonecos foram confeccionados pela artista plástica Angeline Pittenger com ajuda de outros artistas americanos ao longo da semana, em um espaço dedicado à arte próximo à conferência oficial. Ao se deparar com o boneco, um grupo de brasileiros adicionou os dizeres em Português: “as mudanças do clima não são fake news”.
Rodeada de forte presença policial, a manifestação seguiu pacífica até o final, quando três manifestantes foram detidos pela polícia. Segundo testemunhas, as intervenções policiais teriam acontecido sem motivo aparente.
Segundo a rede mais de 1.200 ONGs internacionais Climate Action Network, pelo menos doze ativistas foram impedidos de entrar no país.
Membro da delegação da Geórgia, o ativista da 350.org Nugzar Kokhreidze conta em vídeo no Facebook ter sido barrado no controle de passaporte do aeroporto internacional de Katowice na noite de sexta-feira (7), véspera da Marcha do Clima. Segundo ele, as autoridades teriam lhe dito que seu nome estava na “lista de banimento” do sistema.
A Polônia aprovou no início do ano uma lei antiterror. Com a justificativa de garantir a segurança da COP-24, a legislação dá às autoridades o poder de “coletar, obter, verificar e usar informação, incluindo dados pessoais sobre pessoas que causem ameaça à segurança pública ou à ordem, inclusive fora das fronteiras da República da Polônia”.
A Marcha do Clima tradicionalmente acontece no dia anterior à abertura da COP, mas só foi autorizada pelo governo polonês para o final da primeira semana do evento, que vai até o próximo dia 14. As manifestações espontâneas estão proibidas no país.
Ao longo da última semana, foram divulgados durante o evento vários estudos que apontam os riscos do aquecimento global para o meio ambiente, para a saúde humana e o desenvolvimento da economia, principalmente em regiões mais pobres com populações vulneráveis.
Os cientistas alertam que as metas de limitar o aumento da temperatura global em até 2º C (Celsius) ou o esforço de 1,5 ºC, como prevê o Acordo de Paris, só serão alcançadas se os países adotarem de forma urgente medidas que reduzam de forma significativa as emissões de gases de efeito estufa.