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Brasil Caravana de apoiadores de Bolsonaro conta com cidra, hebraico, 18 horas de estrada e “esperança no futuro”

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Brasileiros enfrentaram horas de viagem só para assistir a posse. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A caravana de apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que será empossado nesta terça-feira, tem cidra, hebraico, 18 horas de estrada e “esperança no futuro”. “A Caravana da Esperança” é como foi batizado um comboio bate-volta São Paulo-Brasília, com previsão de quase 40 horas e 2.000 km a bordo para ficarem menos de oito horas na capital brasileira. Pelo “mito”, diziam, vale tudo. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

“Vou passar um negocinho no visor, quem quiser se emocionar pode. Solta o som, DJ!”. A viagem completava duas horas e meia das 18 que levaria quando Marcia Cristina, 53, anunciou aos 25 passageiros que o espetáculo ia começar.

A única TV do ônibus passou a exibir montagens com o homem que motivou o grupo a sair de São Paulo às 17h30min do último dia de 2018 rumo ao que, nas palavras do funcionário público Alexandre Barbosa, 40, “talvez seja o evento mais importante da história do País desde as Diretas Já”: a posse presidencial de Jair Bolsonaro.

“Fui petista, acreditava muito. Mas como um partido do trabalhador deixou milhões de desempregados?”, questionou a dona do “vinho baratinho mas gostoso”, um Goés (cerca de R$ 25 a garrafa).

É a segurança pública que fez o servidor Alexandre definir a posse de Bolsonaro como o principal acontecimento da história recente do País. Veja seu caso: só em 2018, foi assaltado três vezes. Numa delas, levaram a moto que usava no trabalho. “Cheguei a tomar tapa.”

Gostou de ouvir que o novo presidente será duro com criminosos e decretará o armamento civil. Quer uma arma para si —já aprendeu a atirar com seis modelos, inclusive uma espingarda calibre 12, “uma maravilha, estoura uma cabeça”.

De Praia Grande (litoral paulista), Alexandre é também “mago iniciado na magia dos arcanjos”, formado pela Escola Esotérica Luz da Lua. Com um pingente de pentagrama sobre a camisa amarela com o lema bolsonarista “meu partido é o Brasil”, contou que, a duas semanas da eleição, as cartas do tarô lhe revelaram a vitória de seu candidato.

Não titubeou ao “embarcar nessa energia boa” que, apostou, fluirá em Brasília. Com ele levou bolo de chocolate de massa pronta e chá gelado: é um “cara simples” como Bolsonaro, que toma café no copo americano, afirmou.

O trajeto começou com uma oração puxada por uma lacrimejante Marcia, fiel da primeira das Assembleias de Deus, fundada em 1911 em sua terra, Belém do Pará.

Marcia também era fiel ao PT, a sindicatos, o “pacote vermelho” todo. Com o petismo se desiludiu antes da eleição de Lula, quando a cúpula forçou diretórios locais a coligações indecorosas. Acha que Lula se transformou “num burguês por excelência”.

Marcia contou que viu o PSOL nascer. O pai da filha, de quem já se separou, ainda é ligado à sigla repudiada pela massa bolsonarista.

Agora ali está ela, a ex-petista que perdeu até a fome de tão nervoso que passou organizando a caravana. “A direita nasceu em 2018. Antes era a falsa direita.”

Priscila Colturato, 31, disse que nunca caiu no papo esquerdista. Estava mais inclinada ao tucanato quando achava que ser PSDB “era de direita”. Hoje milita no movimento Direita São Paulo.

Morou anos na periferia, e lá, segundo ela, “o PT não ajudava coisa nenhuma”.

Também não acha que o discurso da esquerda bastou quando, segundo relata, foi estuprada há quatro anos por um colega de faculdade que se aproveitou de sua deficiência visual (ela tem cegueira parcial).

Tomava 12 medicamentos para superar o trauma. Para ela, a esquerda zela mais pelos direitos do bandido do que pelos da vítima. O ativismo na direita, disse, a resgatou. Cita o fato de Bolsonaro ter dito que estuprador tinha que sofrer castração química. “Pensei: nossa, um homem defendendo as mulheres?”

Até ficava ressabiada quando via o deputado Bolsonaro dizer à colega Maria do Rosário (PT) que não a estuprava porque “você não merece”. Mas foi à internet “para pesquisar” e agora acha que ela provocou primeiro.

Priscila, que se diz ativista, oscilou quando questionada sobre a promessa do novo presidente de “botar um ponto final em todos os ativismos no Brasil”. Acha que no futuro “as pessoas vão se conscientizar”, e sua luta será desnecessária. Agora, disse ela, que é evangélica, nada de “kit gay nem kit hétero”.

A simpatia por Israel manifestada pelo presidente contagiou sua base. A noite terminou com um amigo oculto em que os passageiros (a maioria se conheceu ali mesmo) sorteavam uns para os outros pulseiras coloridas estilo fitinha do Senhor do Bonfim, só que com palavras em português e hebraico: respeito, amor etc.

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https://www.osul.com.br/caravana-bolsonarista-tem-cidra-hebraico-18-horas-de-estrada-e-esperanca-no-futuro/ Caravana de apoiadores de Bolsonaro conta com cidra, hebraico, 18 horas de estrada e “esperança no futuro” 2019-01-01
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