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Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2019
O governo dos Estados Unidos negou o visto de viagem ao ator mexicano Jorge Antonio Guerrero, que interpreta o personagem de Fermín no longa-metragem “Roma” e que pretende comparecer à cerimônia do Oscar no dia 24 de fevereiro, disse o ator nesta quinta-feira.
Guerrero explicou que ainda não sabe se poderá comparecer ao evento, no qual “Roma” está indicado em dez categorias. “Logo descobriremos”, afirmou.
As autoridades de migração americanas negaram o visto a Guerrero apesar de o ator ter um convite da Netflix, produtora de “Roma”.
Segundo revelou o ator, os funcionários da embaixada dos EUA no México não quiseram ler a carta e, após a reunião pessoal regulamentar, teve a permissão de viagem negada.
Esta não é a primeira vez que Guerrero tem problemas para viajar aos EUA. No início de 2018, o ator também não conseguiu tirar o visto de turista.
Jorge Antonio Guerrero ganhou grande popularidade no ano passado ao participar da série de TV sobre o cantor mexicano Luis Miguel e do filme “Roma”, de Alfonso Cuarón.
“Roma”, um filme autobiográfico de Cuarón sobre o México da década de 1970, se tornou o primeiro longa-metragem em espanhol a conseguir a indicação para a categoria de melhor filme no Oscar.
O longa de Cuarón está indicada às categorias de melhor filme, melhor direção, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, melhor filme estrangeiro, melhor fotografia, melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor edição de som e melhor mixagem de som.
Indicações históricas
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood fez história com as indicações ao Oscar 2019. “Pantera Negra” se tornou o primeiro filme de super-heróis a ser incluído na disputa de melhor filme, e “Roma” foi o primeiro longa da Netflix a ser indicado ao prêmio. O filme do Universo Cinematográfico da Marvel concorre em sete categorias, enquanto a produção de Alfonso Cuarón foi indicada em dez, se firmando como uma das líderes da disputa.
Os dois filmes contam histórias diferentes daquelas que Hollywood costuma premiar: um é uma adaptação dos quadrinhos, situada na África, e o outro relata, em espanhol, a vida de uma empregada doméstica de Roma, bairro da Cidade do México. E ambos vêm de terrenos que, até então, pouco eram reconhecidos pela premiação mais celebrada do cinema.
Produções de heróis sempre foram tradicionalmente relegadas a categorias técnicas, a exceção mais notória sendo o Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante recebido por Heath Ledger por seu retrato do Coringa, o rival do Batman, no filme “O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan.
O elogiado “Pantera Negra”, dirigido por Ryan Coogler e estrelado por Chadwick Boseman, conseguiu romper essa barreira – mas quase ficou relegado a uma categoria de “filmes populares”, cuja criação chegou a ser anunciada pela Academia. Após receber fortes críticas do público e da indústria, a instituição voltou atrás, o que certamente foi determinante para a inclusão do filme na disputa de melhor filme.
A Netflix, por sua vez, vinha galgando terreno no Oscar nos últimos anos, mas ainda de forma tímida. Em 2018, a plataforma saiu do evento com a estatueta de melhor documentário, por “Icarus”. Que em 2019 a empresa seja a “dona” do título mais comentado da disputa mostra que a Academia perdeu de vez o pudor de indicar as produções vindas de streaming – algo que é objeto de controvérsia em outros eventos tradicionais, como o Festival de Cannes.