Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2019
Os Estados Unidos celebram nesta quinta-feira (4) o Dia da Independência do país, feriado nacional comemorado todo dia 4 de julho, com o presidente Donald Trump sob os holofotes. O republicano se prepara para realizar um discurso no Lincoln Memorial durante as festividades, que contarão com a exibição de tanques militares, o sobrevoo de caças e um extenso show de fogos de artifício. Milhares de soldados estão sendo reunidos no local para ouvir o pronunciamento. Em uma publicação no Twitter, Trump disse que o desfile estava “se transformando em uma das maiores celebrações da história do país”.
A diferente programação das celebrações do feriado fizeram a oposição reagir dizendo que Trump pode acabar reforçando sua campanha para a reeleição em 2020 já que o evento será transmitido em rede nacional. As comemorações ainda contam com a presença de um enorme balão inflável laranja com a imagem do “bebê Trump” vestindo fralda e usando chupeta. O boneco foi exposto em frente ao Lincoln Memorial, local onde o republicano fará seu discurso, em um protesto com centenas de pessoas. “Os tanques estão prontos para mostrar o poder militar e os manifestantes estão prontos para fazer suas vozes serem ouvidas”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter.
O dia 4 de julho é data de uma das maiores festas nacionais dos Estados Unidos. As celebrações remetem ao 4 de julho de 1776, dia em que foi impressa a Declaração de Independência, quando o país se tornou independente dos britânicos.
Caças e tanques
“Caças e tanques militares foram exibidos na parada do Dia da Independência dos Estados Unidos, nesta quinta-feira, 4 de julho. O tom militar e os custos da comemoração promovida pelo presidente Donald Trump têm sido alvo de críticas pelos democratas.
O feriado é considerado pelos americanos um evento apartidário para celebrar o patriotismo. Críticos dizem que Trump está tomando o controle de um feriado que tradicionalmente é dedicado para os cidadãos se reunirem para amar o seu país. A preocupação deles é que a celebração se torne um evento político e personalista em vez de um dia de patriotismo.
Inspiração francesa
Em julho de 2017, Trump assistiu à parada do Dia da Bastilha, na França. Ele disse que “foi uma das paradas mais bonitas que já vi”. Meses depois, ele estava decidido a ter a sua própria parada, que seria maior e melhor do que a que ele viu em Paris. “Nós vamos tentar superá-la”, ele disse.
Mas enquanto o espetáculo foi inspirado pela França, alguns observadores de outros países acham que ele se parece mais com as cerimônias públicas de regimes de países como Rússia, Coreia do Norte e China. “O presidente dos EUA usa o aniversário de seu país como propaganda de si mesmo”, disse o jornal alemão Tagesspiegel nesta quarta-feira, descrevendo os planos de Trump como um “show de egoísmo”.
Outros analistas europeus disseram que o que diferencia a celebração deste ano do 4 de julho de eventos similares em outras democracias é a aparente politização do evento com o uso de material militar.
Na Europa, as paradas servem como uma lembrança dos danos que exércitos podem causar. Para evitar a impressão de exibicionismo nacionalista, as nações europeias frequentemente convidam soldados de outros países para participar.
A Casa Branca rejeitou a ideia de que a celebração seria política. Trump disse a jornalistas na segunda-feira que o evento será “sobre este país e é uma saudação à América”. Ele disse que espera por um grande público. Perguntado se poderia fazer um discurso para todos os americanos, Trump respondeu: “Acho que sim, acho que alcancei a maioria dos americanos”.
Entretanto, outros comentaristas notaram que a data nunca foi apolítica ou apartidária, e que americanos sempre usaram o Dia da Independência para disfarçar mensagens políticas sob o manto do patriotismo.
“A proposta de discurso de Trump no 4 de julho não perverte o feriado, na verdade, mantém a sua tradição”, disse a historiadora de cultura polítcia americana Shira Lurie em artigo no Washington Post em que lista as diversas formas de politização do evento desde a Guerra da Independência. Segundo ela, os presidentes Harry Truman, Richard Nixon e Gerald Ford também fizeram discursos na data.