Quarta-feira, 26 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2019
A Boeing informou na segunda-feira (16) que vai interromper a produção comercial do modelo 737 MAX a partir de janeiro do próximo ano. Em comunicado, a maior fabricante de aviões dos Estados Unidos disse que deve priorizar a entrega de aeronaves que estão em estoque.
O uso do modelo 737 MAX foi suspenso em todo o mundo depois que dois acidentes mataram 346 pessoas. A Boeing produzia 42 jatos do modelo 737 MAX por mês, apesar da suspensão. Atualmente, a companhia tem 400 aviões em estoque.
A decisão, tomada pelo conselho da Boeing, tem como pano de fundo a sinalização de que a Agência Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) não aprovaria o retorno do avião ao serviço antes de 2020, de acordo com a agência Reuters.
Os diretores da companhia estiveram reunidos desde domingo (15) em Chicago para definir o futuro do modelo produzido pela empresa.
No terceiro trimestre deste ano, a Boeing informou que o lucro operacional principal caiu para US$ 895 milhões, abaixo dos ganhos de US$ 1,89 bilhão apurados no mesmo período de 2018. O recuo foi influenciado pela suspensão de suas aeronaves 737 MAX e também pelas inspeções no modelo 737 NG.
Na semana passada, um documento obtido pelo “Wall Street Journal” revelou que as autoridades dos EUA permitiram que aviões do modelo Boeing 737 MAX continuassem em operação mesmo após um relatório da FAA concluir que novos acidentes poderiam ocorrer se não fossem corrigidas falhas no projeto da aeronave.
O documento foi obtido depois semanas depois da queda de um Boeing 737 MAX da Lion Air.
Documento
Um documento divulgado pelo Wall Street Journal mostra que a FAA sabia que poderiam ocorrer novos acidentes com o Boeing 737 Max caso as falhas no projeto do avião não fossem corrigidas.
O órgão iniciou a análise sobre a aeronave logo após a primeira queda de um avião deste tipo, ocorrida na Indonésia em outubro de 2018, resultando na morte de 189 pessoas. E a conclusão foi alarmante: cálculos feitos pela FAA na época previam que o 737 Max poderia cair 15 vezes ao longo de sua vida útil (em torno de 45 anos).
Com base nestes dados, o Business Insider calculou que se a aeronave estivesse com a sua lotação máxima durante estes possíveis acidentes com o Boeing 737 Max e nenhum dos passageiros sobrevivesse poderia haver até 3.450 mortes, além das pessoas que perderam a vida no desastre da Lion Air, na Indonésia.
O segundo acidente com o Boeing 737 Max aconteceu em março, na Etiópia.
Mesmo sabendo disso, os inspetores de segurança e os especialistas técnicos da FAA não recomendaram a suspensão das operações com o 737 Max, o que só viria a acontecer após o segundo acidente envolvendo a aeronave, em março deste ano na Etiópia, quando morreram 157 pessoas.
Uma das prováveis causas dos acidentes envolvendo este modelo de aeronave apontadas pelos investigadores seriam as falhas no software de controle de voo, chamado de Sistema de Aumento de Características de Manobra (MCAS, na sigla em inglês), que levariam o nariz do avião a se inclinar para baixo.