Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2020
Divulgado nessa terça-feira (28), um relatório oficial do Ministério da Saúde confirmou a ocorrência de uma suspeita de infecção pelo chamado “novo coronavírus” (nCoV-2019) na cidade gaúcha de São Leopoldo (Vale do Sinos). Um boletim anterior chegou a divulgar que o paciente – um homem de 40 anos – seria de Porto Alegre, mas logo depois a informação foi retificada.
Segundo a prefeitura local, o homem havia sido atendido pela manhã na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Scharlau, apresentando um quadro de febre alta. Entrevistado por agentes de saúde, ele relatou ser morador da cidade chinesa de Kunming e ter chegado ao Rio Grande do Sul há quatro dias.
Kunming está localizada a mais de 1,5 mil quilômetros de Wuhan, metrópole onde foram registrados os primeiros casos do coronavírus no país asiático.
Em observação ao protocolo do Ministério, a equipe isolou o paciente para a realização de exames prévios e encaminhou material de coleta para o Lacen (Laboratório Central do Estado), responsável pela análise. O paciente segue internado e em isolamento para observação.
“A Secretaria da Saúde de São Leopoldo, através da Vigilância Epidemiológica, em sintonia com o CEVS (Centro de Vigilância Estadual) monitora o caso desde o seu início, e uma nota técnica conjunta também será emitida”, ressaltou a administração municipal. “Reforçamos que a população se oriente por informações oficiais, não se deixando levar por notícias falsas e alarmistas.”
Outros casos no País
Até o final da tarde, outros dois casos suspeitos haviam sido reportados no Brasil, em Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG). De acordo com as autoridades, os pacientes se enquadraram no padrão estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e que inclui três aspectos básicos: febre, ao menos um sintoma respiratório e viagem para área de transmissão local nas duas últimas semanas.
A SES (Secretaria Estadual da Saúde) garante ter redobrado a atenção no que se refere a cidadãos gaúchos que estiveram em qualquer região da China nos últimos 14 dias e que, no retorno ao Brasil, apresentem febre e algum outro sintoma respiratório, tais como tosse ou dificuldade para respirar. Antes, a medida estava restrita a quem passou por apenas duas províncias do país asiático.
O controle sobre a entrada de pessoas por portos e aeroportos do País é de responsabilidade da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A SES, por intermédio do Cevs, trabalha em conjunto com o órgão federal para monitorar a entrada de pessoas vindas da China.
A orientação aos serviços de saúde é que esses pacientes sejam imediatamente isolados e tratados de acordo com a gravidade do quadro clínico. Para os casos suspeitos, recomenda-se o uso de máscara cirúrgica o quanto antes, bem como a permanência em quarto privativo. Os profissionais também devem adotar medidas-padrão de precaução.
Situações graves devem ser encaminhados a hospital de referência, enquanto as leves precisam ser acompanhados pelo serviço de atenção básica em saúde, geralmente com recomendação de isolamento domiciliar.
As investigações sobre a transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas já foi identificado que a disseminação se dá de pessoa para pessoa (por meio do ar ou de contato com secreções contaminadas, tais como gotículas de saliva, espirro ou tosse). Já a incubação é de até duas semanas, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.
(Marcello Campos)
