Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2020
				O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feria (28) que um aditivo feito em seu governo em uma auditoria no BNDES foi “errado” e que “parece que alguém quis raspar o tacho”. Bolsonaro disse que o último aditivo seria de R$ 2 milhões, ressaltando que não tinha certeza do valor. Na realidade, foram cerca de US$ 3,1 milhões.
“Informações que eu tenho até o momento. Essa auditoria começou no governo Temer, e tiveram dois aditivos. O último aditivo, parece, não tenho certeza, seria na ordem de R$ 2 milhões. Chegou a 48 (milhões de reais) no final. Está errado, está errado”, disse Bolsonaro, ao chegar ao Palácio da Alvorada.
A auditoria, feita pelo escritório americano consultoria Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, tinha como objetivo investigar operações do banco com o grupo J&F, controlador da JBS. Ao fim de quase dois anos de investigação, no entanto, não foram encontradas evidências de irregularidade.
Segundo ata do Conselho de Administração do BNDES, quando o contrato foi acertado, em 2018, no governo de Michel Temer, o valor era de US$ 6 milhões. Em novembro de 2018, o valor do contrato foi reajustado, totalizando US$ 7,3 milhões.
Em julho de 2019, já na gestão do atual presidente do BNDES, Gustavo Montezano, um novo aumento foi aprovado pelo conselho, com um aditivo de US$ 3.182.371. No fim, a investigação, sozinha, custou R$ 48 milhões, equivalente a cerca de US$ 11 milhões.
Segundo, há o indicativo de que alguém quis “raspar o tacho”. Ele classificou Gustavo Montezano como “bem intencionado”, mas disse que não irá “passar a mão na cabeça de ninguém”:
“O garoto, lá… Chamo garoto porque, por coincidência, eu conheço desde pequeno o presidente do BNDES. É um jovem, bem intencionado. Ele que passou as informações disso que eu falei agora, sobre os aditivos. A ordem é não passar a mão na cabeça de ninguém. Expõe logo o negócio e resolve.”
Explicações
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, se reuniu com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz e com integrantes do Ministério da Economia. Na semana passada, o também ministro do TCU Augusto Sherman deu um prazo de 20 dias para para o BNDES esclarecer a contratação.Em operação realizada pelo BNDES, a União informou nesta segunda-feira que concluiu a venda de ações ordinárias (com direito a voto) no Banco do Brasil excedentes ao controle acionário. O saldo da operação foi de R$ 1 bilhão.
Integrantes da equipe de Montezano também se reuniram com o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, e com a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF). Ela é vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES na Câmara e encaminhou ofício ao banco cobrando explicações.