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Por Redação O Sul | 5 de março de 2020
O mercado brasileiro viveu mais um pregão de fortes oscilações nesta quinta-feira (5). Além do temor com o impacto econômico do coronavírus, que continua a se espalhar fora da China, investidores monitoram expectativas menores para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2020 e declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.
Segundo Guedes, a cotação do dólar pode ir a R$ 5 caso “muita besteira” seja feita. Nesta sessão, o dólar fechou a R$ 4,653, alta de 1,6%. Durante o pregão, chegou a R$ 4,667, mas desacelerou a alta com o terceiro leilão de swap cambial do Banco Central no dia. O turismo está a R$ 4,84 na venda. Em algumas casas de câmbio, está sendo vendido acima de R$ 5.
“Pode chegar a R$ 5? Ué, se o presidente pedir para sair, se todo mundo pedir para sair. É um câmbio que flutua, se fizer muita besteira, ele pode ir para esse nível”, afirmou Guedes em evento na Fiesp.
Nesta quinta, o BC ofertou US$ 3 bilhões divididos em três leilões de 20 mil contratos de swap cambial cada um e anunciou mais US$ 2 bilhões em leilão na sexta (6). A medida aumenta a oferta da moeda no mercado, já que o BC oferece contratos que remuneram o investidor pela variação cambial, o que ajuda a reduzir o preço do dólar.
O dólar foi ao seu 11º recorde nominal (sem contar a inflação) seguido em uma sequência de 12 altas consecutivas, a maior desde janeiro de 1999, quando o BC encerrou a política do câmbio fixo.
A alta do dólar neste ano é fruto do temor de investidores com o impacto econômico do coronavírus junto à um cenário de juros mais baixos no Brasil.
Após o corte surpresa de 0,50 ponto percentual na taxa de juros americano na terça (3), o mercado vê mais espaço para uma redução na Selic no dia 18, próxima reunião de política monetária do BC. As projeções apontam a taxa entre 3,75% e 3,5% ao final do ano. No momento, ela está a 4,25% ao ano, mínima histórica.
A pressão no real devido a juros mais baixos no Brasil, que levam o estrangeiro a tirar dólares do país, levou a moeda brasileira a ter o pior desempenho do mundo em 2020, com desvalorização de 16%. Desde 30 de dezembro de 2019, quando a moeda estava a R$ 4,014, o dólar ficou R$ 0,64 mais caro.
A redução de juros é uma medida de incentivo monetário à economia. Com juros baixos, fica mais barato tomar crédito e empreender e menos vantajoso manter o dinheiro em aplicações de renda fixa, tornando o mercado acionário mais atrativo. Como as ações são maneiras de se investir em empresas, a ida de investidores para a Bolsa também pode contribuir para uma aceleração da atividade econômica.
“A queda de juros não vai ter impacto na na economia real. É o remédio errado para controlar a epidemia de coronavírus e seus efeitos, mas é única coisa que você pode fazer”, afirma Roberto Dumas damas, professor do Insper.
Nesta quinta, a Califórnia declarou estado de emergência por conta da primeira morte no estado americano pelo coronavírus, o que elevou a tensão dos mercados acionários. Nasdaq caiu 3% e Dow Jones, 3,6%. O S&P 500 recuou 3,7%. Segundo a Bloomberg, o índice americano teve sua semana mais volátil desde 2011, quando a agência de classificação de risco S&P reduziu a nota de crédito dos títulos do Tesouro americano.
Bolsa
O Ibovespa despencou 4,65%, a 102.233 pontos, menor patamar desde 10 de outubro, antes da reforma da Previdência ser aprovada no Senado. No Brasil, o número de casos confirmados do coronavírus subiu para oito.
As ações da Gol tiveram forte queda de 16%, a R$ 20,82. As da Azul caíram 14,5%, a R$ 38,25. CVC caiu 9,8%, a R$ 20. Os setores aéreo e de turismo são os mais afetados durante a epidemia do novo coronavírus.
A Bolsa brasileira acelerou perdas depois que a Fitch divulgou um relatório sobre a piora no cenário fiscal de países latinos com o coronavíurs, já que muitos dependem da China, severamente afetada pelo coronavírus.
O barril de petróleo Brent caiu abaixo dos US$ 50 durante a sessão mas fechou acima do patamar simbólico, a US$ 50,05, queda de 2%. As ações da Petrobras preferenciais (sem direito a voto) desabaram 6%, a R$ 25,29. As ordinárias (com direito a voto) caíram 5%, a R$ 26,81. A Vale caiu 6,5%, a R$ 46,85.
Além de refletir a queda das Bolsas no exterior, o mercado brasileiro reflete a piora da expectativa econômica no país. Na quarta (4), foi divulgado o PIB de 2019, que cresceu 1,1%, inferior ao projetado inicialmente pela equipe econômica de Guedes, que no começo de 2019 havia previsto um desempenho de 2,2%.