Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de junho de 2020
Manifestantes fecharam uma importante rodovia m Atlanta (Georgia) na noite de sábado (13) e queimaram uma unidade da lanchonete Wendy’s, onde um homem negro foi morto a tiros pela polícia enquanto tentava escapar da prisão, em mais um incidente que deve aumentar as tensões nos Estados Unidos em relação a questões raciais e a violência policial.
A lanchonete esteve em chamas por mais de 45 minutos antes que as equipes de bombeiros chegassem para extinguir o incêndio, protegidas por uma linha de policiais, segundo mostrou a televisão local. Naquele momento, o prédio já estava reduzido a escombros carbonizados ao lado de um posto de gasolina.
Outros manifestantes marcharam para a rodovia Interstate-75, parando o tráfego, antes que a polícia usasse uma série de viaturas para detê-los.
A chefe de polícia da cidade, Erika Shields, renunciou no sábado em função da morte de Rayshard Brooks, de 27 anos, na noite de sexta-feira, que foi registrada em vídeo.
O departamento da polícia demitiu o policial que supostamente atirou e matou Brooks, disse o porta-voz da polícia Carlos Campos no sábado. Outro oficial envolvido no incidente foi colocado em licença administrativa. Os dois eram brancos.
A morte de Brooks acontece após semanas de manifestações nas principais cidades dos Estados Unidos provocadas pela morte de George Floyd, um negro de 46 anos morto no último dia 25 de maio depois que um policial de Mineápolis se ajoelhou sobre o seu pescoço por quase nove minutos após detê-lo.
Combate ao ódio
A jornalista Beatriz Buarque ficou surpresa ao receber a notícia de que a organização não governamental (ONG) Words Heal the World (Palavras Curam o Mundo) tinha sido escolhida a Melhor Organização de Esforços pela Paz pelo Fórum Mundial da Paz de Luxemburgo. A ONG, criada por Beatriz em 2018 no Reino Unido, capacita jovens para desenvolver estratégias de desconstrução de discursos de ódio e extremismo no Brasil e no mundo.
Natural de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Beatriz soube que a ONG tinha sido escolhida em dezembro de 2019, mas a divulgação oficial do nome dos vencedores foi feita só no final de maio.
A ONG está registrada há dois anos no Reino Unido, onde Beatriz fez mestrado em relações internacionais e agora faz o doutorado em política. “Foi uma surpresa maravilhosa, porque a gente tem produzido muito conteúdo para combater o ódio. E sem patrocínio. Então, receber esse prêmio com tão pouco tempo de existência e sem patrocínio realmente é um sinal de que o trabalho que temos feito está gerando um impacto”, disse a jornalista à Agência Brasil.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, a cerimônia de entrega do prêmio, que estava prevista para 27 de maio, foi adiada para 28 de maio de 2021, em Luxemburgo.
Voluntariado – A ONG trabalha com um time de mais de 40 voluntários. “O coração do Words Heal são jovens estudantes, em sua maioria, de jornalismo. Temos também alguns alunos de letras, design gráfico, mas a maioria são alunos de jornalismo do Brasil, da Argentina, do México e do Reino Unido. Como sou formada em jornalismo, eu empodero esses alunos, eu os capacito a desconstruir essas mensagens de ódio”, explicou Beatriz.
Para a jornalista, um dos grandes problemas encontrados no Brasil diz respeito a religiões de matriz africana, que têm sido objeto de preconceito e ataques. “É um problema gravíssimo, que tem no cerne o racismo”. Beatriz destaca que é preciso entender que extremismo não é apenas de cunho ideológico, como fascismo ou nazismo, mas também quando uma pessoa estigmatiza outra por causa da cor ou adreligião, e a trata como se fosse inferior. “Isso também é extremismo, porque você chega ao extremo, considerando o outro inferior, agredindo-o verbal ou fisicamente.”
Desconstruindo mitos – A pesquisadora adiantou que a organização Palavras Curam o Mundo está produzindo um filme, intitulado Santos Silenciados. A obra, que está em fase de finalização, desconstrói os mitos que estão por trás dos preconceitos contra as religiões de matriz africana, que muitos consideram demoníacas ou que matam animais por maldade. “Desde o colonialismo, as pessoas foram evoluindo com esses mitos e não foram informadas de que isso não é verdade. Então, a gente precisa fazer um trabalho de educação pela paz. E é o que a gente faz”.
O documentário está sendo produzido em parceria com alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).