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Brasil A adoção de uma idade mínima para a aposentadoria no Brasil deve aumentar a produtividade da economia ao manter no mercado por mais tempo os profissionais com maior qualificação

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(Foto: Reprodução)

A adoção de uma idade mínima para a aposentadoria no Brasil, prevista na reforma da Previdência, deve aumentar a produtividade da economia ao manter no mercado por mais tempo os profissionais com maior qualificação, apontam especialistas. Isso ocorre porque, no Brasil, aposentados têm maior probabilidade de permanecer sem ocupação. E os que se aposentam mais cedo, por tempo de serviço, têm nível educacional e salários mais altos. O sistema incentiva a saída precoce dos que têm maior capacidade de contribuir com a geração de riqueza no país, que param de contribuir com a Previdência e passam a receber os maiores benefícios por mais tempo. As informações são do jornal O Globo.

Atualmente no Brasil, homens podem se aposentar com 35 anos de contribuição e mulheres, com 30 anos. Enquanto os profissionais mais instruídos conseguem se aposentar por tempo de serviço, os trabalhadores de menor escolaridade tendem a se aposentar por idade – homens aos 65 anos e mulheres aos 60. Isso porque são mais vulneráveis ao desemprego e à informalidade, o que dificulta atingir o tempo de contribuição. Assim, ficam na ativa por mais tempo trabalhadores cuja produtividade cai com o avanço da idade, pois ela depende da sua capacidade física, como operários da construção civil ou empregados domésticos.

A curva da produtividade do trabalhador com ensino superior é ascendente porque sua capacidade laboral não depende da força física, mas sim do seu acúmulo de experiências, que pode estar no ápice ao se aposentar”, explica Luis Henrique da Silva de Paiva, cientista social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Um estudo do qual ele participou identificou que 87% dos aposentados precoces brasileiros (homens entre 53 e 59 anos e mulheres entre 50 e 54) teriam condições de se manter ocupados hoje, considerando características como sexo, raça, escolaridade e região onde vivem. No entanto, com o recebimento de aposentadorias, apenas 38% deles trabalham.

O impacto sobre a renda agregada da economia brasileira é bilionário. Exercício feito pelos economistas Bruno Ottoni e Fernando Holanda Barbosa Filho concluiu que o país perde entre 0,4% e 0,7% do Produto Interno Bruto brasileiro (PIB) por ano com aposentadorias precoces. Para se ter uma ideia, em 2017, isso correspondeu a algo entre R$ 26 bilhões e R$ 46 bilhões. É a riqueza que esses aposentados deixaram de agregar à economia ao pararem de trabalhar ou migrarem para ocupações com salários mais baixos, situação também comum entre os pensionistas, explica Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre/FGV e da Consultoria iDados:

Quando a pessoa se aposenta e para de trabalhar, deixa de gerar renda. Alguém perde para pagar a sua aposentadoria, já que, no nosso regime previdenciário, quem está na ativa contribui para pagar o benefício de quem é aposentado.”

Essa conta recai não apenas sobre os que ficam mais tempo trabalhando e contribuindo com a Previdência, que tendem a ser os mais pobres, mas sobre toda a sociedade. Isso porque o governo precisa tirar recursos de outras áreas ou se endividar para cobrir o déficit do sistema e garantir o pagamento das aposentadorias.

Menos contribuintes

A urgência de um reequilíbrio do sistema aparece em projeção feita por Paulo Tafner, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e um dos maiores especialistas em previdência do país. Em 2010, havia 6,5 pessoas em idade ativa (15 a 59 anos) para cada idoso (60 anos ou mais) no Brasil. Em 2050, essa relação vai cair para 1,9. Ou seja: o INSS terá de sustentar cada vez mais beneficiários com menos contribuintes.

Parar de trabalhar nunca esteve nos planos da publicitária Celina Freitas, de 62 anos, mas ela acabou requerendo a aposentadoria aos 58, por tempo de contribuição. Demitida três anos antes depois de uma carreira construída nas principais agências de publicidade do país, ela não conseguiu um novo emprego e recorreu ao benefício a que já tinha direito para ter uma renda fixa. Mesmo assim, com experiência e conhecimento acumulados, decidiu se reinventar para continuar trabalhando. Hoje, atua como intérprete e tradutora, mas como autônoma. Não tem o mesmo salário da carreira na publicidade, ganha por projetos. Mas o importante, para ela, é manter-se ativa:

Não é só a necessidade de ter uma renda complementar, mas, intelectualmente, não dá para parar de produzir tão cedo. Quando fui demitida, percebi que meu meio era muito cruel com as pessoas mais velhas. Pesquisei quais carreiras valorizavam o rol de conhecimentos que só chega com a idade e fiz um curso para me tornar intérprete e tradutora.”

tags: economia

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