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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2019
A Amazon.com está desenvolvendo um dispositivo wearable ativado por voz que pode reconhecer as emoções de seres humanos.
O gadget de pulso é descrito como um produto de saúde e bem-estar em documentos internos analisados pela Bloomberg. O produto é resultado de uma parceria entre o Lab126, o grupo de desenvolvimento de hardware por trás do celular Fire da Amazon e o alto-falante inteligente Echo, e a equipe de software de voz da Alexa.
Projetado para funcionar com um aplicativo de smartphone, o dispositivo possui microfones pareados com softwares que podem discernir o estado emocional do usuário a partir do som da voz, segundo documentos e informações de uma pessoa a par do programa. No futuro, a tecnologia pode ser capaz de aconselhar o usuário a interagir de forma mais eficaz com os outros, mostram os documentos.
Não está claro o estágio de desenvolvimento do projeto ou se algum dia será lançado comercialmente. A Amazon fornece às equipes ampla liberdade para experimentar produtos, alguns dos quais nunca chegam ao mercado. O projeto, batizado de Dylan, estava em andamento recentemente, segundo dados dos documentos e da fonte, que pediu anonimato porque é um assunto interno. Um programa de teste beta está em andamento, disse essa pessoa, embora não esteja claro se o teste inclui o protótipo de hardware, o software de detecção de emoções ou ambos.
A Amazon não quis comentar.
A ideia de construir máquinas capazes de compreender as emoções humanas tem sido há muito tempo um elemento básico da ficção científica, como as histórias de Isaac Asimov e o androide Data, de Star Trek. Em meio a avanços do aprendizado automático e reconhecimento de voz e imagem, o conceito recentemente caminhou em direção à realidade. Empresas como Microsoft, Google e IBM, entre várias outras, desenvolvem tecnologias projetadas para derivar estados emocionais de imagens, dados de áudio e outras fontes. A Amazon chegou a comentar publicamente seu desejo de construir um assistente de voz mais próximo da realidade.
A tecnologia pode ajudar a empresa a obter insights sobre produtos de saúde em potencial ou ser usada para direcionar melhor as recomendações de publicidade ou produtos. O conceito provavelmente dará fôlego ao debate sobre a quantidade e o tipo de dados pessoais recolhidos pelas gigantes da tecnologia, que já coletam centenas de informações sobre seus clientes. No início deste ano, a Bloomberg informou que a Amazon tem uma equipe que está ouvindo e anotando clipes de áudio capturados da linha de alto-falantes da Echo ativados por voz.
Uma patente americana apresentada em 2017 descreve um sistema no qual o software de voz usa análise de padrões vocais para determinar como um usuário está se sentindo, discernindo entre “alegria, raiva, tristeza, medo, repulsa, tédio, estresse ou outros estados emocionais”. A patente, divulgada no ano passado, sugere que a Amazon poderia usar o conhecimento das emoções de um usuário para recomendar produtos ou, de outra forma, adaptar as respostas.
Um diagrama no registro de patentes diz que a tecnologia pode detectar uma condição emocional anormal e mostra uma mulher fungando dizendo a Alexa que está com fome. A assistente digital, percebendo que está resfriada, pergunta à mulher se ela gostaria de uma receita de canja de galinha.
Uma segunda patente concedida à Amazon menciona um sistema que usa técnicas para distinguir o discurso do usuário de ruídos de fundo. Os documentos da Amazon analisados pela Bloomberg dizem que o dispositivo tirará proveito dessa tecnologia.
Projetos em vista
O trabalho da Amazon em um dispositivo wearable ressalta suas ambições de se tornar um dos principais fabricantes de software de reconhecimento de fala de ponta e de eletrônicos de consumo. A linha de alto-falantes inteligentes Echo e o software de voz Alexa popularizaram o uso de comandos de voz em casa. A empresa também adicionou controle de voz a dispositivos de streaming de vídeo da marca Fire para televisão, assim como tablets.
Mas os esforços da Amazon para criar um software de smartphone para rivalizar com a Apple ou o Google falharam. Então, a empresa está tentando tornar o Alexa onipresente de outras maneiras. Bloomberg informou no início deste ano que a Amazon estava desenvolvendo fones de ouvido sem fio, semelhantes aos AirPods, da Apple, que devem incluir o software de voz Alexa. A empresa começou a distribuir o Echo Auto, um sistema de caixas acústicas e microfones montado no painel projetado para emparelhar com um smartphone, e diz que recebeu 1 milhão de pré-encomendas.
A Amazon também está trabalhando em um robô doméstico, informou a Bloomberg no ano passado. Com o codinome “Vesta”, em homenagem à deusa romana do lar e família, o bot poderia ser uma espécie de Alexa móvel, de acordo com pessoas familiarizadas com o projeto. Protótipos do robô podem navegar pelas casas como um carro autônomo.