Sábado, 25 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2018
Toda mulher sabe que, entre os 45 e 55 anos de idade, uma mudança brutal acontece na vida: a menstruação vai cessar e as concentrações dos hormônios sexuais estrogênio e progesterona no corpo vão cair drasticamente. O que se convencionou chamar de menopausa é mais uma coisa para a enorme lista de alterações por que o corpo feminino passa ao longo da vida e das quais o masculino nem chega perto, correto? Nem tanto. Os homens também têm lá suas questões com os hormônios sexuais e uma espécie de menopausa para chamar de sua: a DAEM (disfunção androgênica do envelhecimento masculino), mais conhecida como andropausa. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, isso é uma realidade que atinge entre 15 e 20% dos homens a partir dos 50 anos.
A andropausa também está ligada à queda da produção hormonal, no caso, a testosterona. No entanto, essa diminuição ocorre de forma mais demorada e com data não tão sinalizada como na mulher. “A andropausa é a menopausa dos homens entre aspas, porque com eles a diminuição da produção do hormônio sexual começa a partir dos 35 anos de idade e vai seguindo lentamente, ficando mais intensa no homem idoso”, explica a geriatra Renata Serra. “Como não é uma coisa tão marcada, os sintomas são mais discretos e, muitas vezes, passam despercebidos.”
Se a testosterona é o principal hormônio atuante na libido, a gente já imagina o que pode acontecer quando ela começa a ficar mais rara. Na DAEM, o apetite sexual diminui, mas não só isso. Como a molécula também está relacionada ao desenvolvimento da massa óssea e muscular, tudo isso pode ser afetado. Os resultados, além do comprometimento da performance entre quatro paredes, são ganho de gordura na região abdominal, osteoporose, anemia (a testosterona também tem a ver com a produção dos glóbulos vermelhos), atenuação de vigor para atividades físicas e até depressão.
“Convencionou-se associar o hormônio apenas à saúde sexual”, diz Ricardo Meirelles, diretor do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. “As outras reclamações, como a diminuição de disposição em geral, são atribuídas aos fatores tempo e cansaço. Mas, se houver perda de interesse sexual, certamente o homem vai pensar em testosterona.”
Por isso, dizem os médicos, é preciso levar em consideração todos os sintomas antes de se chegar a um diagnóstico. Se houver apenas diminuição de libido, pode ser que a andropausa não tenha muito a ver com a história. É o caso do aposentado mineiro Emmanuel Motta, de 59 anos, que andou às voltas com a falta de desejo sexual e fez questão de pedir uma dosagem de testosterona no exame de rotina. “Fiz ano passado e deu normal. O médico não me receitou nenhuma medicação. Não tomei nada, já que tenho medo do azulzinho (apelido do Viagra)”, diz Emmanuel, com uma franqueza pouco habitual para assunto tão caro aos homens.
Quando se chega à conclusão de que o homem está sofrendo de andropausa, não há muita opção além da reposição. Hoje existem alternativas sintéticas que vêm em injeções ou até em gel. E todas elas, dizem as pesquisas mais recentes, não têm o câncer de próstata como efeito colateral.
Embora o assustador fantasma do câncer por causa da reposição de testosterona seja águas passadas na ciência, é preciso ter cuidado para não achar que ela pode ser tomada indiscriminadamente, como é feito por muitos homens que querem ganhar massa muscular de forma rápida ou retardar os efeitos do tempo. “Quando você repõe sem precisar, o testículo fica preguiçoso e para de produzir espontaneamente. Isso pode causar infertilidade e acarretar outros problemas, como aumento do volume do coração, mais riscos de infarto e AVC”, diz Ricardo Meirelles.
Uma boa notícia para os homens é que nem todos conseguem perceber a diminuição de testosterona no sangue. Apesar de os números caírem, muitas vezes não há efeitos práticos, e o paciente pode terminar a vida sem ter sofrido nenhum “arranhão”. Contar com isso é dar uma chance ao acaso, que pode receber uma ajudinha dos bons hábitos.
Diferentemente das mulheres, que entram na menopausa quando a menstruação cessa, a diminuição dos hormônios nos homens é progressiva. Essa queda de produção é a chamada andropausa, mas nem todos sentem seus efeitos. Estima-se que entre 15% e 20% da população masculina acima dos 50 anos sofram com ela na prática.