Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2015
No mundo da tecnologia, nada é para sempre. Durante décadas, a Apple e a Microsoft alimentaram uma das mais formidáveis guerras do setor. Mas, neste ano, em São Francisco (EUA), enquanto a Apple apresentava seus novos produtos – dois iPhones, uma versão remodelada da Apple TV e um tablet maior para uso profissional, o iPad Pro –, a Microsoft foi chamada a ocupar o palco como uma convidada especial. “Quem conhece mais sobre produtividade que a Microsoft?”, perguntou o diretor-presidente da Apple, Tim Cook, antes de convidar Kirk Koenigsbauer, um executivo da Microsoft, a demonstrar como funcionam os programas do pacote Office no iPad Pro.
Para os applemaníacos, acostumados a pintar a Microsoft como um diabo tecnológico, não poderia haver surpresa maior. No mesmo dia, a Apple fez afagos em outro desafeto, a Adobe. Em 2010, Steve Jobs, então no comando da Apple, publicou uma carta na qual criticava duramente a tecnologia Flash, da Adobe. No texto, dizia que o Flash era um produto “fechado”, que consumia muita energia, tinha desempenho pobre e não era seguro. Por isso, concluía, não seria admitido no iPhone e no iPad. A carta suscitou muitas críticas, inclusive a de que essa era uma cortina de fumaça para disfarçar interesses comerciais da Apple.
Mas a Adobe mostrou um novo aplicativo, também no evento da Apple, o Photoshop Fix. A apresentação despertou polêmica na internet, pois alguns a consideraram preconceituosa. A imagem escolhida para ser “consertada” foi o sorriso de uma mulher. Polêmicas à parte, o que se viu no palco deixa claro que o mercado de tecnologia assumiu contornos muito diferentes dos primeiros tempos. E que essas mudanças tendem a se aprofundar. Desde o lançamento do primeiro Windows, nos anos 1980, a Microsoft assumiu uma estratégia agressiva para resguardar o sistema operacional.
Porém, ao aparecer no evento da Apple, a companhia aprofunda a estratégia adotada desde que o indiano Satya Nadella assumiu a presidência da empresa, em fevereiro do ano passado. Agora, não importa mais em que dispositivo os consumidores vão usar os programas da Microsoft. O importante é estar em todos eles ou, pelo menos, nos mais importantes.
A Apple também parece ter aprendido lições importantes. Em 2007, quando lançou o iPhone, Jobs ridicularizou as canetas digitais usadas em telas sensíveis ao toque, conhecidas como stylus. Agora a empresa lançou a sua, chamada Apple Pencil, ao custo de 99 dólares. O dispositivo foi criado para acompanhar o iPad Pro, que, por sua vez, lembra muito um equipamento da Microsoft: o Surface. Em vez de concorrer diretamente com o iPad como um dispositivo para acessar conteúdo, a Microsoft posicionou o Surface como um substituto mais leve dos notebooks.
Revisão de diretrizes.
Não é a primeira vez que a Apple revê uma diretriz definida por Jobs, o lendário cofundador da empresa, que morreu em 2011. O empresário era contrário aos tablets pequenos, com telas ao redor de 7 polegadas, sob a alegação de que não era possível criar aplicativos bons o suficiente para uma tela tão pequena. Em 2012, porém, a companhia lançou o iPad Mini, com uma tela não muito maior.
A Apple também renovou a linha do iPhone, com mais dois modelos, o iPhone 6S e o 6S Plus. A principal novidade da nova geração é a tecnologia 3D Touch, que facilita o acesso do usuário aos aplicativos ao reconhecer diferentes níveis de pressão na tela. (AG)