Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2025
O Tesouro argentino está queimando seus depósitos em dólares para sustentar o peso, e operadores estimam que restam aproximadamente US$ 700 milhões em caixa. Nessa terça-feira (7), o governo do presidente Javier Milei vendeu dólares pela sexta sessão consecutiva. Estima-se que tenham sido utilizados entre US$ 250 milhões e US$ 330 milhões para manter a moeda praticamente estável no dia. Esse valor eleva o total vendido nos últimos seis pregões para US$ 1,5 bilhão.
O banco central também dispõe de dólares que pode utilizar — cerca de US$ 10 bilhões, segundo estimativas do setor privado —, embora enfrente mais restrições. Conforme o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a autoridade monetária não pode usar suas próprias reservas a menos que o peso ultrapasse a banda de flutuação, que hoje variava entre 943 e 1.484 por dólar.
O banco interveio três vezes no mês passado, vendendo US$ 1,1 bilhão, mas nas últimas semanas as autoridades recorreram aos fundos do Tesouro para manter a estabilidade da moeda.
O Tesouro argentino não divulga oficialmente suas vendas de dólares. As autoridades do país, propenso a crises, agora correm contra o tempo para obter ajuda de Washington. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, prometeu um pacote de ajuda financeira e afirmou que manterá conversas com o ministro da Economia, Luis Caputo, que viajou a Washington junto com o presidente do Banco Central, Santiago Bausili. O momento e o valor do eventual pacote de ajuda ainda não foram definidos.
Enquanto isso, o aperto da política monetária e os novos controles cambiais não conseguiram conter a demanda por dólares. Mesmo após o governo restabelecer algumas restrições — entre elas, uma proibição de revenda de dólares por 90 dias — e aumentar as vendas de contratos futuros de moeda, a diferença entre os tipos de câmbio paralelo e oficial aumentou.
O dólar informal já supera os 1.500 pesos, em comparação aos 1.429,5 pesos do câmbio oficial.
Os preços dos contratos futuros indicam uma desvalorização anual de até 60% nos próximos 12 meses, muito acima das expectativas de inflação.
A crise cambial ocorre enquanto as autoridades argentinas se preparam para um vencimento de dívida de US$ 500 milhões em novembro. Os títulos estão sob pressão enquanto o governo Milei se encaminha para eleições legislativas cruciais em 26 de outubro, após sofrer uma dura derrota em eleições provinciais no mês passado.
Os títulos em dólares caíam em toda a curva na terça-feira: os papéis com vencimento em 2035 recuavam quase um centavo, sendo negociados a cerca de 56 centavos por dólar, segundo dados indicativos compilados pela agência de notícias Bloomberg.