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Por Redação O Sul | 11 de julho de 2019
A AMB (Associação Médica Brasileira) enviou denúncia à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) sobre o que classifica como “utilização temerária” de aplicativos para realização de consultas à distância. Na última segunda-feira, a Amil lançou um aplicativo para consultas virtuais, que funcionará sete dias por semana, para o atendimento de um grupo de 180 mil beneficiários entre os seis milhões da empresa. As informações são do jornal O Globo.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) já havia informado que notificaria a Amil e outras operadoras de planos de saúde que oferecem atendimento e orientação virtual via aplicativos.
A associação pede que a ANS tome providências imediatas contra essas práticas, que afirma contrariar a Resolução CFM 1.643/2002.
Na nota divulgada pela associação, apesar de admitir que “a incorporação de novas tecnologias à medicina é um caminho sem volta e que pode ser muito positivo”, a AMB diz ser arriscado e irresponsável a utilização de “ineficientes mecanismos artificiais para substituir a relação médico/paciente, principalmente nas fases iniciais de diagnóstico”. Na avaliação da entidade, esse uso “coloca os pacientes em situação de vulnerabilidade, pois sacrifica o exame clínico presencial, parte fundamental de uma consulta médica”.
Segundo o comunicado feito pela AMB, os aplicativos de consulta em distância são, de fato, um movimento de redução de custos das operadoras com atendimento presencial, sem deixar claro os riscos a que o consumidor será submetido.
Procura a ANS informou que a regulação da saúde suplementar não impede a prática do teleatendimento no setor, respeitadas as atribuições dos conselhos profissionais. A agência destacou, no entanto, que a realização da consulta à distância não poderá comprometer o atendimento a que os beneficiários de planos de saúde têm direito, dentro dos prazos máximos estabelecidos pelas regras do setor.
Novos planos de saúde
Operadoras de saúde e redes hospitalares estão desenvolvendo um novo modelo de negócio. Depois da última onda de aquisições e construções de unidades próprias de atendimento, a chamada verticalização , as empresas do setor estão criando planos com uma rede credenciada menor, concentrada em hospitais de um único grupo. O modelo reduz custo para as empresas, o que resulta em mensalidades de 20% a 25% mais baratas para o beneficiário.
O Rio é o berço dessas primeiras iniciativas. Em parceria com a Rede D’Or São Luiz, que tem 16 hospitais na Região Metropolitana do Estado — após a compra da Perinatal — , Bradesco Saúde , SulAmérica e Golden Cross já oferecem produtos neste novo modelo, com atendimento focado nos hospitais do grupo, o que inclui não só internações, mas também procedimentos como exames de imagens e atendimentos ambulatoriais. As três operadoras já têm planos de expandir a iniciativa para outros Estados, e algumas inclusive já estudam outros parceiros. O público preferencial são pequenas e médias empresas, a partir de três funcionários.
O modelo começou a ser gestado há cerca de três anos. O primeiro passo foi um projeto-piloto, com a Bradesco Saúde, voltado para o atendimento de 32 mil dos 85 mil funcionários da Rede D’Or. O projeto ganhou fôlego e se tornou um novo plano.
“Em um ano, enquanto o custo do plano de saúde desses funcionários foi reduzido em 28%, os dos demais tiveram incremento de até 18%. Ou seja, o custo per capita chega a ser 40% a 50% menor. A quantidade de internações caiu 10% e o custo por internação quase 30%. É uma mudança conceitual, na qual o prestador passa a prestar também um serviço de gerenciamento da saúde da população daquele plano de saúde”, explica Heraclito Gomes , presidente executivo da Rede D’Or, acrescentando que o grupo poderia desenvolver o modelo também em Brasília, Recife, SP e grande ABC paulista.
Uma das diferenças é o modelo de pagamento, que deixa de ser por serviços e passa a ser feito por pacotes ou diárias e com custos fixos para atendimentos de emergência. O negócio prevê centrais de agendamento, fornecidas pela rede hospitalar, nas quais o usuário do plano é direcionado para o atendimento de médicos e serviços da rede credenciada. O sistema compreende alertas para repetição de consultas e exames e monitoramento do resultado obtido pelo tratamento.
Os planos regionais são uma alternativa para a busca da sustentabilidade do setor, diz André Lauzana, vice-presidente Comercial e de Marketing da SulAmérica, que acaba de lançar um plano no Rio, em parceria com a Rede D’Or, com mensalidades a partir de R$ 132, voltado a empresas com mais de 30 funcionários. A operadora, diz Lauzana, estuda o lançamento de produtos semelhantes com outros parceiros, inclusive, fora do Rio.