Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2019
Quase metade dos brasileiros se automedica pelo menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Esses dados fazem parte de uma pesquisa feita pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia). De acordo com o estudo, a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros.
As mulheres são as que mais usam medicamentos por conta própria, pelo menos uma vez ao mês – 53%. Familiares, amigos e vizinhos são os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição (25%).
Perigos
A automedicação é quando há o uso de remédios sem a avaliação de um profissional de saúde. Quando usado de forma errada, o medicamento pode ter um efeito desastroso. Por isso, é sempre importante consultar um profissional antes de fazer uso de qualquer remédio.
As consequências do uso indiscriminado de medicamentos ocorrem a longo e médio prazo:
1) O uso de analgésicos pode mascarar doenças sérias
Eles são uma mão na roda: acabam com a dor rapidinho. Mas saiba que, ao invés de acabar com o problema, há o risco de você estar retardando o diagnóstico de um problema grave. Por exemplo, se você toma remédio diariamente para dor de cabeça, fique sabendo que a causa pode não ser a sua rotina estressante, mas encrencas como pressão alta, meningite e até tumores. “O mesmo vale para uma dor de estômago, que pode simular, na verdade, um problema cardíaco”, alerta o médico Victor Sato, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo.
2) Errar na dose é grave
Se você é daquelas que decidem aumentar a dose do medicamento para potencializar sua eficácia, saiba que essa é uma prática pra lá de perigosa. “Tomar remédio sem orientação e em quantidades inadequadas aumenta a probabilidade de efeitos colaterais”, diz Sato. Para ter ideia, o consumo excessivo de anti-inflamatórios pode acarretar problemas gástricos e até renais. Já os analgésicos elevam o risco de danos ao fígado.
3) Usar antibióticos sem necessidade pode tornar as bactérias resistentes
Apesar de ser proibido, muita gente consome antibióticos sem a prescrição de um médico. Pois saiba que o uso indiscriminado desses remédios abre portas para o surgimento de micro-organismos resistentes a eles. Isso ocorre porque os antibióticos matam tanto as bactérias do mal quanto aquelas que têm a função de proteger o corpo, a chamada flora bacteriana. No entanto, sempre sobram algumas – as resistentes. Na ausência do exército de defesa, esses micróbios se proliferam, de modo que aquele remédio não terá mais efeito. “E aí, será preciso usar medicamentos cada vez mais fortes”, avisa Sato.
4) Misturar é perigoso
A automedicação eleva o risco da chamada interação medicamentosa, que ocorre quando o princípio ativo de uma droga interfere na ação de outro medicamento. Alguns antibióticos, por exemplo, podem diminuir o efeito de sua pílula anticoncepcional. Por isso, além de não misturar por conta própria, você precisa sempre contar ao médico quais remédios você toma.
5) Corticoide não é brincadeira
Como têm ação anti-inflamatória, os corticoides prometem alívio rápido da dor de garganta à alergia de pele. E mais: podem ser adquiridos na farmácia sem a necessidade de receita. No entanto, abusar dessas substâncias – sem a orientação de um médico – não é recomendável. “Há maior propensão a infecções graves e também catarata, diabetes, insuficiência renal…”, diz o toxicologista Sergio Graff, da Universidade Federal de São Paulo.
6) Descongestionantes nasais podem aumentar a pressão
Isso mesmo: aquelas gotinhas que você pinga no nariz (e carrega na bolsa) não são tão inofensivas quanto parecem. É que elas carregam uma substância que é um potente vasoconstritor, que tem como objetivo contrair os vasos e facilitar, assim, a respiração. A questão é que seu efeito não se restringe à mucosa nasal e, se usadas em dose muito elevada, tendem a aumentar a pressão de vasos presentes em outras partes do corpo. Com isso, problemas como glaucoma, hipertensão e até derrame podem dar as caras.
O farmacêutico Tarcísio Palhano alerta para os perigos da automedicação. “Qualquer dorzinha, qualquer sintoma, qualquer sinal, a pessoa já se automedica. Isso pode, inclusive, dificultar o diagnóstico de uma doença mais grave”.
Outro problema comum, que está na casa de muitos brasileiros, é a “maletinha de remédios”. ‘Essa caixa de medicamentos termina sendo uma bomba em potencial. Os medicamentos, com o passar do tempo, eles vão se degradando e pode gerar substâncias tóxicas”, diz o farmacêutico.
Os medicamentos são uma das principais causas de intoxicação no País. As pessoas precisam ser orientadas que medicamento usado sem prescrição pode provocar danos à saúde.