Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de outubro de 2018
A Câmara terá no ano que vem mais do que o dobro de representantes militares do que tinha em 2014. No domingo (7), foram eleitos ao menos 22 candidatos com algum vínculo militar. Entre os escolhidos pela população estão dois generais da reserva. Há também três coronéis e dois capitães. Treze deles são do PSL, partido de Jair Bolsonaro, candidato a presidente que disputa o segundo turno com o petista Fernando Haddad.
Levantamento do jornal Folha de S.Paulo considerou a ocupação declarada pelos candidatos, identificados como “policial militar”, “bombeiro militar”, “militar reformado” ou “membro das Forças Armadas”.
Há ainda aqueles que foram localizados por terem colocado nome na urna com uma patente da hierarquia militar, como “capitão”, “sargento”, “cabo”, “major”ou “tenente”. Em 2014, seguindo esse mesmo critério, foram eleitos dez deputados federais.
Membros das Forças Armadas se reuniram com o objetivo de conquistar vagas no Congresso
Desde o início do ano, membros das Forças Armadas se reuniram com o objetivo de começar um movimento de conquistar vagas no Congresso – cerca de 30 se candidataram à Câmara. Ao todo, foram, pelo menos, 360 militares que concorreram ao cargo de deputado federal.
Para o general da reserva Augusto Heleno, um dos principais conselheiros de Jair Bolsonaro, a eleição dos dois generais — que chamou de “pouco comum” —, mostra que o “ranço” contra militares diminuiu.
Onda conservadora
“Significa que hoje diminuiu o ranço contra os militares. O afastamento do regime militar foi diminuindo esse preconceito. O fato de as Forças Armadas terem um alto grau de credibilidade, favorece essa intenção de se candidatar”, afirmou. Heleno disse não acreditar se tratar de uma onda conservadora, mas que é importante o Congresso ter representantes de “todos os lados”.
“Não é uma onda conservadora. Essa história de não aceitar outras posturas, outras ideologias, e principalmente não aceitar alternância de poder, é um problema sério.”
“Lado dos vencidos”
“A história do regime militar foi contada de um lado só, incrivelmente do lado dos vencidos. Normalmente, quem conta a história são os vencedores, no caso do regime militar foram os vencidos. Existe uma outra história, que um dia vai ser contada, para se buscar um equilíbrio”, completou Heleno.
Senador
Para o Senado, Major Olímpio (PSL-SP) foi eleito.Policial militar desde 1978, Olímpio, 56, é um braço de Jair Bolsonaro (PSL) em São Paulo, tendo sido coordenador da campanha do candidato no Estado.
Ele se beneficiou da onda que elevou as votações de candidatos ligados ao capitão reformado na reta final. Foram os casos dos candidatos aos governos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Ele tem como principais propostas a redução da maioridade penal e a revogação do estatuto do desarmamento.
“Precisamos acabar com a saída temporária da prisão. Temos que fazer a revogação do estatuto do desarmamento com a lei mais clara e que permita ao cidadão de bem que cumpra os requisitos legais tenha o direito à legítima defesa”, diz o major.
Avaliar pessoas que cometam infrações a partir dos 12 anos
Sobre a redução da maioridade penal, ele defende a adoção de critérios “biotipológicos” para avaliar pessoas que cometam infrações a partir dos 12 anos. “Com avaliação psicológica, tem que ser responsabilizado aos 12 anos. A Câmara votou a partir dos 16 anos, e vou lutar para que passe pelo Senado. O meu projeto era mais duro. O menor de idade tem licença para matar no Brasil”, afirma.
Duas vezes seu número nas urnas
Olímpio adotou estratégia que pode tê-lo ajudado nos últimos dias de campanha. Ele compartilhou mensagem pedindo para que eleitores digitassem duas vezes seu número nas urnas. Dessa forma o eleitor anula o segundo voto, deixando assim de dar votos para algum dos concorrentes. Opositores chamaram a tática de antidemocrática.