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Por Redação O Sul | 1 de abril de 2021
A Bolívia e o Chile foram, nesta quinta-feira (1°), os últimos países da região a anunciarem a suspensão do trânsito de pessoas com o Brasil para conter o avanço da covid-19. No caso chileno, que lida com um acentuado surto, as restrições valerão para todas as suas fronteiras terrestres e aéreas durante o mês de abril, enquanto no boliviano, o bloqueio é exclusivo para os limites com o Brasil e tem duração inicial de uma semana a partir desta sexta-feira (2).
As medidas vêm após o alerta da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre os riscos da crise sanitária em território nacional agravarem a situação em todo o continente. Março foi o pior mês da pandemia no Brasil, com mais de 66 mil mortes – mais que o dobro de julho de 2020, o mês mais letal até então
Junto com o Paraguai, Chile e Bolívia eram, na prática, as únicas nações da região que ainda permitiam a ida e vinda de brasileiros, mesmo com restrições. Segundo o presidente boliviano, Luis Arce, que anunciou o fechamento temporário da fronteira de 3,4 mil km pelo Twitter, a medida se faz necessária para “proteger a população”. Não está claro, no entanto, se as restrições também se aplicarão a viagens aéreas.
De acordo com o presidente, comunidades fronteiriças em que “se verificou a circulação de variantes” oriundas do Brasil serão “encapsuladas” ou postas em quarentena. No início da semana, La Paz já havia ordenado o início das campanhas de vacinação em regiões fronteiriças com o Brasil, onde vem se constatou recentemente aumento de casos, diante de temores das novas cepas.
Há uma preocupação especial com a variante amazônica, a P.1, mais contagiosa, que foi descoberta primeiramente em Manaus. Até o momento, ela já foi encontrada em ao menos 15 países e territórios das Américas, incluindo Bolívia, Venezuela, Chile, Uruguai, Colômbia e Paraguai.
Santiago, por sua vez, anunciou que, a partir de segunda-feira, fechará por um mês todas as suas fronteiras “tanto para cidadãos chilenos quanto para estrangeiros”, com exceção apenas para viagens humanitárias. As fronteiras terrestres também serão bloqueadas, com a passagem permitida apenas para caminhoneiros que transportam produtos essenciais. Nestes casos, será necessário mostrar um teste negativo realizado até 72 horas antes.
Cidadãos brasileiros, até o momento, podiam desembarcar no país, mas com uma série de restrições: precisavam apresentar um teste PCR no embarque e, ao chegar em Santiago, eram levados a uma residência sanitária para realizar um novo exame, em uma tentativa de conter a disseminação de novas cepas. Além disso, precisavam também fazer uma quarentena de 10 dias.
Apesar de ter uma das campanhas de vacinação mais aceleradas do planeta, o Chile lida com uma piora acentuada da pandemia. Nas últimas 24 horas, foram registradas 193 mortes, o maior número desde junho de 2020.
“Precisamos com urgência fazer um esforço adicional diante do momento crítico da pandemia”, afirmou o porta-voz do governo, Jaime Bellolio, ao anunciar as medidas.
A Colômbia, no início de março, optou por adiar por tempo indeterminado a retomada dos voos para o Brasil, algo que fez o presidente Iván Duque a cancelar sua viagem pré-agendada para Brasília. O Peru, por sua vez, anunciou que manterá suspensos, ao menos até o dia 15, os voos com origem ou destino para o Brasil, Reino Unido e África do Sul. Já a Venezuela entrou na última segunda-feira em um confinamento de 14 dias para impedir o avanço da P.1.
A Argentina e o Uruguai, tal qual o Chile, proíbem a entrada de estrangeiros como um todo e mantém suas fronteiras terrestres fechadas. Buenos Aires, no entanto, permite voos reduzidos entre os dois países para cidadãos argentinos e residentes, enquanto Montevidéu permite unicamente viagens humanitárias desde meados de março.
A fronteira entre Brasil e Paraguai, por sua vez, continua aberta, desde que os brasileiros apresentem um teste PCR negativo realizado com até 72 horas de antecedência. A Sociedade Paraguaia de Infectologia, no entanto, fez um apelo nesta semana para que o trânsito livre seja interrompido, diante da gravidade da pandemia no Brasil. Em um comunicado, afirmaram que não impor novas restrições é “negligente” e “totalmente sem propósito”.
Epicentro global da pandemia, o Brasil registrou, apenas na quarta-feira, recordes 3.950 mortes em 24 horas. Horas antes, após a primeira reunião do comitê de crise que une o Legislativo e o Executivo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDB-MG) e o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defenderam a necessidade de um discurso unificado sobre a importância da vacinação, do uso de máscaras e do distanciamento social.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi na contramão e voltou a criticar medidas como toque de recolher e fechamento de comércio, que, segundo ele, podem provocar fome e serem piores que o próprio vírus: “Só temos um caminho: deixar o povo trabalhar. Os efeitos colaterais do combate à pandemia não podem ser mais danosos que o próprio vírus”, afirmou. As informações são do jornal O Globo.